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Rio abre com Del Toro para celebrar diferenças

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– Menos de um mês depois de vencer o Leão de Ouro no Festival de Veneza, o longa A Forma da Água, do mexicano Guillermo Del Toro, inaugura na noite desta quinta-feira, 5, Festival do Rio, numa gala a ser realizada no tradicional Cine Odeon, em plena Cinelândia carioca. Del Toro é um cineasta que tem obtido reconhecimento de público e crítica para seus filmes fantásticos. Em Veneza, agradecendo o prêmio outorgado pelo júri – presidido pela atriz Annette Bening -, ele disse: “Se você permanecer puro e com sua fé naquilo em que acredita – no meu caso, monstros -, você consegue fazer qualquer coisa.”

A Forma da Água é uma fábula ambientada em 1962, em plena Guerra Fria, sobre uma jovem muda (Sally Hawkins) que só tem por amigos o vizinho gay e uma colega de trabalho negra. Ela executa serviços de limpeza num laboratório secreto. Liga-se a uma estranha criatura anfíbia, a quem tenta libertar. Para a diretora artística do Festival do Rio, Ilda Santiago, o filme de abertura é sempre uma escolha delicada porque, de alguma forma, “serve sempre de termômetro para o que o público vai ver” durante o evento. O próprio Del Toro define seu filme como uma ode às diferenças, “o antídoto perfeito contra o cinismo, já que atinge as emoções”.

Com o slogan Aqui Você Vê o Mundo, o Festival do Rio 2017 vai exibir 250 filmes de mais de 60 países, espalhados por 15 mostras em cerca de 20 locais de exibição da cidade. Além das projeções, o festival acolhe profissionais do audiovisual de todo o mundo para seminários e workshops, realiza debates, reúne música, cinema, realidade virtual e muito mais. Por esse ‘mais’, entenda-se a mostra competitiva da Première Brasil, que este ano bate o próprio recorde. Na 19ª edição do festival, e já consolidada como maior plataforma do cinema brasileiro – o que extrapola os conceitos de exibição e competição -, a Première de 2017 vai exibir 75 títulos, entre curtas (17) e longas (59).

Um documentário foi escolhido para abrir a Première Brasil de 2017 – Em Nome da América, de Fernando Weller. O diretor tem mestrado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutorado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Seu filme nasceu do que pode ser um delírio – muitos habitantes de Afogados da Ingazeira, na microrregião de Pajeú, em Pernambuco, acreditam que o jovem Steven Spielberg refugiou-se no local para fugir à Guerra do Vietnã. O filme pode ter surgido dessa premissa, mas ela não aparece na montagem final, que seguiu outras linhas de investigação – e descobertas.

De concreto, Weller descobriu que muitos jovens dos EUA desembarcaram nos anos 1960 e 70 na região, como voluntários da agência governamental Corpos da Paz. Fugiam da Guerra do Vietnã? Com certeza, mas muitos também agiam inspirados pelo discurso de luta contra a fome e a pobreza do presidente assassinado, John Kennedy. O importante é que, no contexto da Guerra Fria e da ditadura cívico/militar que se estabelecera no Brasil, a CIA infiltrou-se no Nordeste por meio desses jovens idealistas, com vistas a evitar o surgimento de uma nova Cuba. Como Del Toro na abertura, a escolha de Em Nome da América para abrir a Première não é fortuita. O Festival do Rio 2017 fornece ferramentas para se entender o estado do Brasil, e do mundo. Exemplo disso é o longa alemão Em Pedaços, de Fatih Akin, sobre terrorismo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.