
A série Tremembé, já disponível no Prime Video, adentra o “presídio dos famosos” para contar a história do que aconteceu quando alguns dos criminosos mais notórios do Brasil se encontraram atrás das grades.
A produção, dividida em cinco episódios, é inspirada em dois livros do jornalista e escritor Ullisses Campbell, que investigou a fundo a rotina e as relações dentro do Complexo Penitenciário de Tremembé, no interior de São Paulo. Mas, apesar do mergulho detalhado, nem tudo foi mostrado na série.
Com base nas histórias reunidas no livro “Tremembé – O Presídio dos Famosos” (Matrix Editora), Campbell revela episódios curiosos e pouco conhecidos que marcaram o cotidiano da unidade, que já abrigou nomes como Suzane von Richthofen, Elize Matsunaga, Anna Carolina Jatobá, Lindemberg Alves e Luiz Estevão.
Confira 5 curiosidades de Tremembé que não estão na série:
1. ‘Cela dos Espíritos’
Entre as celas femininas, um espaço ganhou fama por suas atividades espirituais. Conhecida como “Cela dos Espíritos”, era conduzida por Luiza Motta, condenada por homicídio ao dirigir embriagada.
O grupo reunia detentas interessadas em buscar perdão através da mediunidade. Suzane von Richthofen, uma das presas mais conhecidas da unidade, teria inclusive recebido uma carta psicografada atribuída à mãe, expressando perdão e amor.
2. A fuga pela escada de maracujá
Uma das fugas mais inusitadas de Tremembé aconteceu em 2007, quando a estelionatária Dominique Cristina Scharf, apelidada de “Dama do Cárcere”, conseguiu escalar a muralha de seis metros usando uma plantação de maracujazeiros que se entrelaçava aos caibros.
Mesmo após quebrar uma perna e um braço durante a fuga, ela conseguiu alcançar o outro lado e escapar, ainda que por pouco tempo.
3. Concurso de beleza
O presídio também já foi palco de um concurso anual de beleza, o “Miss Primavera”, promovido pela Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo.
Conhecido entre as internas como “Miss Xilindró”, o evento premiava categorias como Simpatia, Plus Size e Garota Revelação. Também havia a categoria Mister Tremembé, destinada a homens trans custodiados em presídios femininos e a mulheres de expressão masculina. Em 2014, Sandra Ruiz, a “Sandrão”, sequestradora que se envolveu com Elize Matsunaga e Suzane, conquistou o título.
4. Tráfico dentro do presídio
Mesmo sob regime semiaberto, alguns detentos encontraram maneiras criativas – e ilegais – de lucrar. Segundo o livro, presos abriram uma passagem secreta no forro de um galpão para comercializar crack.
As pedras, compradas fora por R$ 10, eram revendidas a R$ 50 dentro da unidade. O esquema só foi desmantelado após a denúncia de um dependente que ficou sem crédito com os “traficantes” internos.
5. ‘Café Literário’
Nem todas as histórias de Tremembé envolvem crime ou escândalo. Condenado por homicídio e estelionato, Gil Rugai criou o “Café Literário”, projeto voltado à leitura e ao debate entre presos.
A iniciativa aproximava internos de diferentes pavilhões e incentivava discussões sobre clássicos como A Divina Comédia, de Dante Alighieri, Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski, e Saber Viver, de Cora Coralina. A proposta foi elogiada por seu potencial de ressocialização e chegou a inspirar atividades semelhantes em outras unidades.