Três anos após o estrondoso sucesso da primeira temporada, que bateu recordes históricos de visualizações e consolidou “Wandinha” como uma série evento da Netflix, Jenna Ortega retorna com sua icônica personagem para uma segunda temporada marcada por mudanças significativas que rapidamente demonstram sua evolução.
Apesar dos diversos altos e baixos que marcam essa nova fase, é inegável que o talento brilhante da atriz, agora também produtora-executiva ao lado do cineasta Tim Burton, permanece como a força central que sustenta toda a narrativa, garantindo que o público continue cativado pela série, pelo menos nesta primeira leva de episódios, já disponível no streaming.
Mais da Família Addams
Uma das maiores críticas à estreia foi o distanciamento da protagonista do universo clássico da Família Addams, com Wandinha isolada na Escola NuncaMais, cercada por personagens inéditos que pouco dialogavam com o legado original. Nesta segunda temporada, esse ponto é corrigido com o retorno da família, especialmente Mortícia e Gomez, que ampliam a dinâmica e fortalecem o núcleo dramático.
A relação entre mãe e filha ganha profundidade, trazendo um tom mais sombrio e pessoal que conversa diretamente com o espírito da franquia. Além disso, personagens como Feioso e a repaginada Vovó Addams enriquecem ainda mais o cenário, ampliando as possibilidades narrativas.
E não podemos esquecer o retorno do Tio Chico, cuja interação com Wandinha traz leveza e fluidez à trama, especialmente conforme o mistério se desenrola.
Novas dinâmicas e personagens
Outro ponto polêmico da temporada anterior foi o triângulo amoroso envolvendo Wandinha, Xavier e Tyler, que não agradou ao público e, felizmente, desaparece nesta nova etapa.
Problemas nos bastidores e escolhas do roteiro resultaram na saída do personagem de Percy Hynes White, devido a controvérsias envolvendo o ator, enquanto o outro personagem assume o papel de antagonista por inteiro e segue a primeira parte internado em um hospital psiquiátrico. Assim, o foco se afasta do romance para se aprofundar em um mistério mais denso, tornando a trama mais intrincada e condizente com o universo sombrio da série.
Essa mudança impacta diretamente a dinâmica entre Wandinha e Enid, que apesar de ter sido um dos destaques na temporada anterior, agora recebe menos atenção, mesmo que o seu futuro continue sendo um dos motores do mistério da nova temporada. Porém, a redução da relação entre as duas pode desapontar fãs da amizade peculiar.
A introdução da nova personagem Agnes tenta preencher essa lacuna, trazendo frescor e um olhar externo que ressalta a popularidade de Wandinha na escola, ainda que não compense totalmente a ausência da personagem de Enid, que se vê envolvida numa subtrama romântica pouco inspirada.
Entre outros reforços interessantes no elenco, temos a chegada do diretor Barry Dort, um personagem que rapidamente se destaca pela sua postura enigmática e pela influência questionável que exerce sobre a escola, sendo também um dos acréscimos mais bem-vindos desta temporada.
Ambientação ainda mais sombria
O mistério central, envolvendo uma série de assassinatos em Jericho e o enigmático “Aviano”, um excluído capaz de controlar pássaros assassinos, traz o tom sombrio que a série precisava, remetendo à atmosfera gótica e macabra que consagrou tanto a Família Addams quanto a carreira de Tim Burton.
A produção também eleva os efeitos visuais, mesclando técnicas práticas e digitais de forma refinada, ampliando a ambientação na Escola NuncaMais e em locações-chave como o acampamento e eventos escolares.
Assim, a primeira parte da segunda temporada de Wandinha entrega um retorno divertido e alinhado ao tom sombrio que o público espera. O afastamento das tramas adolescentes clichês e as maiores doses de terror ajudam a série a se reencontrar com sua identidade.
A parte dois está prevista para estrear em 3 de setembro, e o futuro promete ser instigante, afinal, o inesperado é sempre a regra, e Wandinha sabe disso como ninguém.