Após uma primeira parte abraçada no sombrio, a segunda metade da nova temporada de “Wandinha” começa como uma porta rangendo na escuridão: hesitante, incerta e ainda assombrada pelos ecos anteriores.
O início fecha algumas pontas, mas sem grande impacto até então, funcionando mais como preparação do que como clímax. Mas é só no episódio seguinte que essa parte da série realmente mostra os dentes.
Cada episódio, uma nova surpresa
Inspirado em “Sexta-Feira Muito Louca”, o capítulo traz uma troca de corpos comandada por Lady Gaga, em uma participação especial breve, mas tão excêntrica quanto memorável. Além disso, a amizade entre Wandinha e Enid ganha destaque, reacendendo uma conexão que, na parte anterior, muitos sentiram falta.
Em seguida, a trama mergulha em uma nova premonição, aumentando ainda mais as tensões. É aí que Barry Dort, interpretado por Steve Buscemi, se revela como um antagonista fascinante, entregando um dos melhores personagens da temporada.
Mas nem tudo brilha, as tramas secundárias com a nova professora e o interesse amoroso repentino de Enid soam descartáveis, como convidados indesejados que insistem em ficar na festa.
Ainda assim, os grandes momentos justificam todo o espetáculo. O novo baile da escola é um deles. Enid e Agnes formam uma dupla improvável e muito carismática, e brilham juntas ao som de “The Dead Dance” — que não chega a rivalizar com a icônica dança de Wandinha, mas tem sua própria morbidez encantadora.
Bons ganchos para o futuro
O desfecho mergulha no passado do zumbi Slurp, ampliando seu peso na trama e deslocando o Tyler, vilão do primeiro ano, para um arco de redenção discreto ao longo desta segunda parte.
A escolha abre espaço para os dois novos antagonistas da série assumirem o protagonismo do lado mais sombrio da narrativa, enquanto o enredo prepara maliciosamente o terreno para a já confirmada terceira temporada.
No fim, a segunda temporada de “Wandinha” reafirma sua força na estranheza, no grotesco e no delicioso absurdo que só a Família Addams sabe entregar.
Apesar de deslizes e personagens desperdiçados, a produção da Netflix transforma sombras em espetáculo e gargalhadas mórbidas em entretenimento de primeira. Afinal, o mundo é sempre mais interessante quando está ligeiramente fora do lugar.