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Temática LGBTQ de 'E Então Nós Dançamos' virou motivo de contestação

Temática LGBTQ de ‘E Então Nós Dançamos’ virou motivo de contestação Temática LGBTQ de ‘E Então Nós Dançamos’ virou motivo de contestação Temática LGBTQ de ‘E Então Nós Dançamos’ virou motivo de contestação Temática LGBTQ de ‘E Então Nós Dançamos’ virou motivo de contestação

Quando conversou com a reportagem pelo telefone, o diretor sueco de ascendência georgiana Levan Akin não colocava muita fé que seu longa E Então Nós Dançamos ficasse na shortlist de indicações para o Oscar de melhor filme internacional. Mas ele considerava toda a experiência enriquecedora. “Você conhece muitas pessoas interessantes, há muita troca de informação, e só o fato de estar pleiteando a indicação já abre portas para possíveis produções. Já tinha ouvido falar num efeito Oscar, e é verdade”, diz.

O filme que estreia nesta quinta-feira, 19, é sobre um jovem aspirante a integrar o Balé Nacional da Geórgia. O grupo não é apenas depositário de uma tradição de dança. É também responsável pela manutenção de valores tradicionais – a virilidade dos bailarinos está acima de qualquer discussão.

Não há espaço para discussões de gêneros. Ou o cara é macho, ou está fora. Merab (Levan Gelbakhiani) tem um envolvimento com uma garota da companhia, mas logo chega um novo bailarino e inicia-se um tórrido romance gay. Embora tenha concorrido a uma indicação para o Oscar pela Suécia, E Então Nós Dançamos foi rodado na Geórgia.

“Foi o primeiro filme de temática LGBTQ rodado no país, e não foi nada fácil. Tentamos conseguir apoio para a produção, mas tão logo souberam do nosso roteiro os dirigentes do Balé Nacional fizeram de tudo para complicar nossa vida. Houve pressão sobre nossos atores e bailarinos, foi preciso contratar seguranças”, disse.

O filme estreou na Quinzena dos Realizadores, em Cannes, com boas críticas. Em Tbilisi, a capital da Geórgia, foi diferente. “Houve protestos de manifestantes que gritavam ‘Vergonha’ e ‘Viva a Geórgia’. Chegaram a queimar bandeiras com a representação do arco-íris. Estão muito atrasados na questão dos direitos individuais e na discussão de gêneros.”

Akin esclareceu que a legislação antigay foi banida em 2000 e que os protestos de grupos de direita e da Igreja Ortodoxa – que considerou o filme uma afronta aos valores cristãos e familiares – não foram encampados pelo governo. Para ele, o filme é sobre tradição vs. modernidade, sobre o direito de ser e estar no mundo, “e isso é universal, ultrapassa rótulos”.