“Eis diz” que Minas Gerais não tem mar. Pode até ter a melhor comida do mundo, queijo premiado internacionalmente, mas, se quiser mergulhar no azul, Guarapari costuma ser o destino. Não me entenda mal: nossos irmãos mineiros são sempre bem-vindos em terras capixabas. Mas, se para ter mar basta ter água, talvez seja hora de espantar os rumores.
Com cerca de 1.440 km² de área, o Lago de Furnas banha 34 municípios e é formado pelos rios Grande e Sapucaí. O “Mar de Minas” tem águas claras, é cercado por montanhas e guarda um pôr do sol de tirar o fôlego. À noite, o céu é tomado por estrelas.
A represa começou a se formar entre 1961 e 1963, depois que o então presidente Juscelino Kubitschek decidiu construir a hidrelétrica de Furnas, entre São José da Barra e São João Batista do Glória. Para isso, foi preciso alagar a região. As obras terminaram em 1974. Na época, a usina respondia por 30% da energia produzida no Brasil; hoje, apenas 2%.
Nativos contam que JK teve a ideia durante férias no interior de Minas. Ao se deparar com a queda de uma cachoeira, vislumbrou ali o potencial da hidrelétrica. O que começou como marco no governo e resposta a uma crise energética, acabou também virando atração turística, com direito até a travessia de cruzeiro.
O projeto “Cruzeiro Mar de Minas” está na reta final e deve ser inaugurado entre outubro e novembro. O trajeto será feito de barco, com paradas nas cidades de Fama, Carmo do Rio Claro, São José da Barra e chegada em Capitólio.
Segundo Thayse de Castro, presidente do Circuito Turístico Lago de Furnas e responsável pelo Cruzeiro Mar de Minas, a ideia é oferecer pacotes de dois, três ou cinco dias, com valores entre R$ 2 mil e R$ 3,5 mil. Já existe uma lista de espera, mas ainda não há canal estruturado para reservas.
Queremos proporcionar experiências gastronômicas e culturais em todas as paradas, incluir hospedagem, alimentação, degustação de vinhos, queijos e cachaças, por exemplo
Thayse de Castro, presidente do Circuito Turístico Lago de Furnas e responsável pelo Cruzeiro Mar de Minas.
Como é navegar pelo Mar de Minas?
A convite do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo, tive a difícil missão de representar o Folha Vitória em um passeio experimental com outros 29 jornalistas de todo o Brasil.
Saímos de Fama rumo a Capitólio em duas embarcações. Embora o projeto seja pensado para vários dias, fizemos a travessia em cerca de cinco horas. Vimos o pôr do sol no barco, comemos incontáveis tipos de queijos e doce de leite, e encerramos o passeio à noite, sob as estrelas.
Minhas dicas: leve agasalho, porque venta frio em “alto mar”; aprecie a vista e crie suas memórias. A minha envolve risadas, dividir uma canga com uma capixaba de Cariacica e nunca acreditar em palavra de marinheiro. Essa história rende até manchete sensacionalista, pensada e aprovada pela Van 2.
Veja mais fotos da viagem para o Mar de Minas
*A jornalista viajou a convite do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo.