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O capixaba recebe bem? Pesquisas revelam o que pensam os turistas que visitam o ES

Cerca de 90% dos turistas aprovam a hospitalidade do capixaba. Cursos de qualificação têm ajudado quem trabalha no setor

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Buda gigante de Ibiraçu
Buda gigante de Ibiraçu. Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Você provavelmente já ouviu que o capixaba não recebe muito bem os turistas, certo? Receber bem está no coração da experiência de viajar. E se engana quem pensa que o Espírito Santo não tem acolhido os seus turistas.

Pesquisas recentes do Observatório de Turismo do Estado revelam que a maioria dos turistas aprova o atendimento recebido em território capixaba. No Carnaval de 2025, por exemplo, praticamente 90% dos nossos visitantes avaliaram a hospitalidade como ótima ou boa.

Esse olhar positivo do turista vem acompanhado de um movimento crescente de qualificação da mão de obra no setor. Restaurantes, meios de hospedagem, empreendimentos de lazer e até iniciativas familiares estão buscando se preparar melhor para receber visitantes.

Segundo a Secretaria de Estado do Turismo (Setur), cursos e programas que profissionalizam o atendimento são ofertados para levar mais qualificação para quem trabalha no setor, de garçons a gestores de turismo. Só no Senac, mais de 5 mil matrículas em cursos voltados para a área foram feitas nos últimos dois anos.

De um lado, turistas reconhecem o Espírito Santo como um destino acolhedor, com experiências que superam expectativas. De outro, quem trabalha no setor tem buscado se capacitar para elevar o padrão de qualidade.

O resultado é uma engrenagem que fortalece o turismo capixaba e projeta o Estado como destino competitivo no cenário nacional.

Turistas satisfeitos com hospitalidade

A pesquisa realizada no Carnaval deste ano entrevistou 1.660 visitantes em 16 cidades capixabas. Os dados mostram que 42,8% avaliaram a hospitalidade como ótima e 46,5% como boa, confirmando o bom acolhimento por parte dos capixabas.

Quando o assunto é a avaliação geral de serviços, o índice de aprovação também é expressivo: 85,5% avaliaram como ótimo ou bom.

Veja os gráficos:

Apesar dos números positivos, o levantamento revela pontos de atenção. O serviço de táxi e aplicativos de transporte, por exemplo, concentrou as avaliações mais negativas, chegando a quase 10% de reprovação. 

Esse dado serve de alerta para gestores e prestadores de serviço, reforçando a necessidade de melhorias em áreas que impactam diretamente a experiência do turista.

No inverno, gastronomia é aprovada por 93,6%

Na temporada de inverno de 2024, o cenário foi semelhante. Entre os 1.403 entrevistados em diversas regiões turísticas do Espírito Santo, mais de 88% aprovaram a hospitalidade.

Já a gastronomia local recebeu índices ainda mais altos: 93,6% avaliaram entre ótimo e bom. Além disso, 98,3% dos turistas afirmaram que recomendariam os destinos visitados, e cerca de 35% disseram que a experiência superou as expectativas.

Veja os gráficos:

Qualificação: o próximo passo

Diante desse cenário promissor, o Estado tem investido na profissionalização dos trabalhadores do setor. A subsecretária de Estado de Infraestrutura Turística, Lorena Vasques, destaca que a qualificação é essencial para manter e ampliar o fluxo de visitantes.

É importante que a rede hoteleira, os restaurantes e os atrativos turísticos estejam preparados. Essa qualificação aprimora o serviço ofertado e gera emprego e renda. As pesquisas mostram uma aprovação muito grande, mas também indicam onde podemos melhorar para potencializar o turismo capixaba.

Lorena Vasques subsecretária de Estado de Infraestrutura Turística
Lorena Vasques é subsecretária de Estado de Infraestrutura Turística. Foto: Reprodução/TV Vitória

A Setur destaca que mantém parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e com a Escola de Administração Pública (Esesp) para a oferta de cursos gratuitos de qualificação voltados tanto a profissionais que atuam diretamente no setor quanto a gestores e representantes da sociedade civil.

Entre as formações que são disponibilizadas estão:

  • Gastronomia, Culinária e Bebidas: Café Colonial, Cozinha Alemã, Cozinha Italiana, Cozinha Capixaba, Elaboração de Cardápio, Formação de Bartender, Formação de Barista e Preparo de Café da Manhã para Meios de Hospedagem;
  • Gestão de Destinos e Produtos: Atrativos e Negócios Inteligentes, Segmentação Turística, Marketing Turístico, Ferramentas de Marketing Digital para o Turismo, Condutor em Atrativos, Bem Receber o Turista (Oferta Geral), Agentes de Segurança e Motoristas e Turismo de Base Comunitária;
  • Idiomas: Espanhol Instrumental e Inglês Instrumental, ambos com foco em serviços turísticos;
  • Profissionais: Garçom (diferentes tipos de serviço em restaurante), Camareira (limpeza e arrumação) e Técnicas de Recepção em Meios de Hospedagem.

Segundo a Setur, os cursos do Senac ofertados através do governo do Estado são divulgados diretamente pelas prefeituras das regiões atendidas, o que facilita o acesso dos interessados. As aulas são gratuitas.

Mas, além das formações gratuitas, também existem opções pagas, como um curso voltado para influenciadores digitais no turismo, disponível no Senac.

Bruno Emílio Pereira É superintendente do Senac no Espírito Santo
Bruno Emílio Pereira é superintendente do Senac, no Espírito Santo. Foto: Reprodução/TV Vitória

O superintendente do Senac no Espírito Santo, Bruno Emílio Pereira, explica que a formação vai além da técnica:

Um destino bem qualificado concorre melhor no mercado. O bom atendimento e a experiência que o turista vive são diferenciais. Além disso, temos programas de imersão, como a escola de turismo e hospitalidade, que permitem ao jovem vivenciar a experiência turística enquanto se qualifica.

Da sala de aula ao dia a dia

A transformação já é percebida por quem decidiu investir na capacitação. É o caso de Ângela Guedes Paulo, que administra um orquidário em Vila Velha.

Ângela Guedes Paulo administra um orquidário em Vila Velha
Ângela Guedes Paulo administra um orquidário, em Vila Velha. Foto: Reprodução/TV Vitória

Antes eu fazia tudo de forma voluntária, mas com o curso de turismo de base comunitária aprendi a valorizar meu trabalho e a enxergar o potencial para o turismo local. Hoje, além de vender mudas, ofereço consultoria e recebo visitantes que vivem uma experiência única aqui.

No mesmo município, o empreendedor Josemar Loureiro, que tem um restaurante, retomou as atividades com um espaço de lazer após participar de um curso de qualificação.

Josemar Loureiro tem restaurante em Vila Velha
Josemar Loureiro tem restaurante, em Vila Velha. Foto: Reprodução/TV Vitória

“O curso me motivou a reabrir. Hoje recebemos pessoas para shows, karaokê, passeios e comida de fogão a lenha. O atendimento é fundamental para que elas voltem, e é isso que mais me motiva: ver o cliente feliz e satisfeito”, comenta.

Influenciadora de turismo: “Potencial do Estado é gigante”

Para a influenciadora de turismo Dani Ewald, que divulga nas redes sociais dicas de restaurantes e hospedagens, de Norte a Sul do Estado, e acompanha de perto a evolução do setor a qualificação tem sido decisiva para mudar a imagem do Espírito Santo.

A gente precisa acabar com o estigma de que o atendimento capixaba é ruim. Tem melhorado muito, justamente por causa dos investimentos em capacitação. O potencial turístico do Estado é gigante e ainda pouco explorado. Quem vem, se apaixona, e muitos até decidem morar aqui.

Dani Ewald é influenciadora digital
Dani Ewald é influenciadora digital. Foto: Acervo pessoal

Essa visão é compartilhada por gestores públicos, que reforçam a importância de unir promoção e profissionalização.

ES em feiras e eventos nacionais

Além da busca constante por oferta de qualificação, o governo tem desenvolvido ações de promoção do destino capixaba em feiras e eventos nacionais, buscando reduzir o desconhecimento do Espírito Santo no mercado turístico brasileiro.

Os levantamentos do Observatório de Turismo também reforçam que essa força do setor não se concentra apenas na Grande Vitória ou em Domingos Martins, por exemplo.

  • No Carnaval de 2025, os principais destinos também foram Anchieta, Aracruz, Conceição da Barra, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Itapemirim, Linhares, Marataízes, Piúma, Santa Teresa e São Mateus.
  • Já no inverno do ano passado, as cidades que mais atraíram turistas foram, além da Grande Vitória: Domingos Martins, Marechal Floriano, Venda Nova do Imigrante, Santa Teresa, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá, Conceição da Barra, Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço e Anchieta.

Para a Setur, isso confirma que o Estado tem atraído viajantes de Norte a Sul, com experiências variadas que vão da gastronomia serrana às praias do litoral.

Segundo a subsecretária de Infraestrutura Turística, é preciso “mostrar ao Brasil que o Espírito Santo é capaz de receber não só o turismo de negócios, mas também o de lazer, com atrativos de relevância nacional e internacional”.

O desafio de se tornar grande player

Apesar dos avanços, o Espírito Santo ainda enfrenta desafios para se consolidar como um dos principais destinos turísticos do País. Estradas de acesso, transportes urbanos e divulgação nacional são alguns dos pontos levantados por empreendedores.

Como destaca o empreendedor Josemar Loureiro, “temos potencial para concorrer com qualquer estado brasileiro, mas precisamos melhorar acessos e investir mais em infraestrutura”.

Apesar de limitações, obras recentes têm mostrado avanço. O governo estadual, por exemplo, lançou o programa Caminhos do Turismo, que prevê a pavimentação de 250 quilômetros de rotas turísticas em todas as regiões capixabas.

Monte Aghá, em Piúma
Monte Aghá, em Piúma | Foto: TV Vitória

Entre os pontos beneficiados estão o Monte Aghá, em Piúma, e a Rampa de Voo Livre de Cachoeira Alta, em Alfredo Chaves, dois cartões-postais que ganham acessibilidade e potencial de receber mais visitantes ao longo do ano.

Balneários tradicionais também passam por revitalização. Em Guarapari, Meaípe recebeu obras de engordamento da faixa de areia e reconstrução da orla, um investimento de mais de R$ 100 milhões para conter a erosão e devolver vitalidade ao destino.

Já em Piúma, a recuperação da orla e da Ilha do Gambá ampliou o espaço de lazer para turistas e moradores, movimentando o comércio local.

Essas intervenções têm reflexo direto no turismo e na vida da população. Comerciantes e pescadores relatam aumento expressivo no movimento, confirmando que infraestrutura adequada não só melhora a experiência do visitante, mas também gera renda, empregos e qualidade de vida para quem vive nas cidades turísticas.

Breno Ribeiro

Reporter

Jornalista há 9 anos, formado pelo Centro Universitário Faesa, com especializações em Marketing, Administração de Empresas e Gestão de Vendas.

Jornalista há 9 anos, formado pelo Centro Universitário Faesa, com especializações em Marketing, Administração de Empresas e Gestão de Vendas.