"Outro patamar"

Turismo de negócios: novo centro de eventos para 35 mil pessoas promete mudar a cara do ES

Especialistas avaliam que o novo Pavilhão de Carapina, na Serra, vai atrair mais eventos, inclusive internacionais, e consolidar o potencial do ES na área

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Projeto do novo Pavilhão de Carapina
Foto: Divulgação/Setur

O Espírito Santo se prepara para um salto histórico no turismo de negócios. O Pavilhão de Carapina, localizado na Serra, vai ganhar uma nova estrutura, moderna e multifuncional, projetada para receber desde feiras e convenções até exposições e congressos internacionais.

A expectativa de quem trabalha no setor é que o espaço coloque o Estado “em outro patamar” no turismo de negócios e se torne um dos principais centros de eventos do País.

Com obras orçadas em R$ 228,7 milhões e prazo de execução de 36 meses, o novo complexo terá capacidade para abrigar mais de 35 mil pessoas.

O projeto prevê auditório, foyer, áreas externas de exposição, locais exclusivos para embarque e desembarque, bicicletário e estacionamento ampliado para mais de 1.800 veículos.

O anúncio chega em um momento de destaque para o Espírito Santo. No primeiro semestre de 2025, Vitória entrou para a lista dos 10 principais destinos aéreos de negócios do Brasil, graças à rota Rio-Vitória, que se consolidou entre as mais movimentadas do País.

Projeto do novo Pavilhão de Carapina
Foto: Divulgação/Setur

Um setor em expansão

O turismo de negócios já movimenta cifras expressivas no Brasil. Segundo dados do setor, apenas no primeiro semestre de 2025, o faturamento nacional alcançou R$ 6,5 bilhões. Para o Espírito Santo, essa realidade abre espaço para se consolidar como destino estratégico.

Hoje, a capital Vitória concorre com centros consolidados como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A infraestrutura ainda é apontada como um gargalo, mas a construção do novo centro de eventos pretende mudar esse cenário.

A localização do complexo em Carapina, às margens da BR-101 e próximo ao aeroporto, é vista como estratégica. Além de facilitar o acesso de quem chega ao Estado, a área já recebe grandes eventos, o que reduz impactos logísticos e urbanos.

Veja mais imagens do projeto do novo Pavilhão de Carapina:

Histórico de movimentação

O Pavilhão de Carapina, mesmo com estrutura considerada limitada para a atual demanda, já mostrou sua força nos últimos anos.

De acordo com o Observatório do Turismo da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), em 2022 foram 350 mil participantes, em 12 eventos. Em 2023, o número subiu para 480 mil, em 16 encontros. Em 2024, o espaço recebeu 560 mil visitantes, em 19 eventos, e a previsão para 2025 é de 510 mil pessoas, em 23 eventos.

Veja o gráfico:

Público do Pavilhão de Carapina

Somados, quase 1,9 milhão de visitantes passaram pelo espaço no período pós-pandemia, confirmando a relevância do turismo de negócios para a economia capixaba.

Eventos de peso, como a Vitória Stone Fair, a Acaps Trade Show, a Mec Show, a Modal Expo e a tradicional Feira dos Municípios, reforçam a importância do equipamento.

Entre os de alcance nacional e internacional, vale destacar o Seminário Nacional das Distribuidoras de Energia Elétrica (SENDI), o Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos e a Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia, que acontecem ou já estão programados para o pavilhão.

O que vem por aí

Segundo a Setur, a expectativa é que, concluída a obra, os encontros que já fazem parte do calendário migrem naturalmente para o complexo ampliado. Durante as obras, uma estrutura provisória será instalada no próprio terreno para minimizar impactos no setor.

A gestão do novo centro será concedida à iniciativa privada. A licitação está prevista para outubro de 2025 e a entrega final da obra deve ocorrer três anos após a contratação.

A visão do setor

Para o presidente do Sindicato de Empresas de Promoção, Organização e Montagem de Feiras, Congressos e Eventos em Geral do Espírito Santo (Sindiprom-ES), João Alfonso da Silva, o novo pavilhão é um divisor de águas.

João Alfonso da Silva, presidente do Sindiprom-ES
João Alfonso da Silva é presidente do Sindiprom-ES. Foto: Reprodução/TV VItória

O novo pavilhão de Carapina é um marco, é uma virada de chave para o nosso Estado. Vamos inserir o Espírito Santo definitivamente no roteiro dos grandes eventos nacionais e internacionais. Nós não temos hoje um equipamento adequado para a nova realidade do Brasil. Hoje estamos atrasados em mais de 20 anos no turismo de negócios e eventos, mas essa estrutura nos coloca em outro patamar.

O superintendente da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), Hélio Schneider, também acredita em uma mudança significativa.

“A movimentação econômica será fantástica. A Acaps Trade Show, que hoje reúne cerca de 20 mil empresários, pode ganhar ainda mais relevância. Quando se gera negócios, movimenta-se indústria, comércio e serviços. O impacto será positivo em todas as áreas”, destaca.

Hélio Schneider, superintendente da Acaps
Hélio Schneider é superintendente da Acaps. Foto: Reprodução/TV Vitória
Impactos econômicos e logísticos

O economista José Antônio Buffon lembra que o turismo de negócios tem um papel estratégico: induzir a vinda de visitantes.

Quando acontece um evento, ele força a escolha do Espírito Santo como destino. Isso muda o patamar. As feiras locais podem se tornar nacionais, os shows e congressos terão maior alcance. É um capítulo muito importante para nossa economia.

José Antônio Buffon

Buffon lembra que o Estado perdeu tempo por falta de clareza estratégica no passado, mas agora a coordenação entre setor público e privado tem avançado. E ele ainda destaca o apoio dos envolvidos nesse processo.

“Vale destacar que já temos indícios de cooperação entre concorrentes, a cooperação horizontal. Na região de Montanhas, por exemplo, é muito claro isso, cooperação entre hotéis, entre restaurantes”, disse.

José Antônio Buffon é economista
José Antônio Buffon é economista. Foto: Reprodução/TV Vitória

Para o economista, o novo pavilhão de Carapina é “um ativo completamente novo”, capaz de transformar o calendário de eventos e ampliar a projeção do Espírito Santo.

“No turismo, quanto mais você eleva o aproveitamento do seu potencial, novo potencial acontece. A oferta sempre vai acontecer à frente da demanda, o potencial cresce com a demanda”, acrescentou Buffon.

Integração entre turismo de negócios e lazer

A subsecretária de Infraestrutura Turística, Lorena Vasques, reforça a importância de associar os dois segmentos.

“O Espírito Santo tem um turismo de negócios muito forte, mas precisamos também promover o Estado como destino turístico de lazer. E precisamos trabalhar de forma paralela e aliada. É tentar unir as duas pontas nessas ações de promoção de destino. A pessoa vem para um congresso e pode estender a estadia para aproveitar nossas praias e montanhas. Vamos unindo o turismo de negócios ao turismo de lazer. O novo pavilhão potencializa essa integração”, afirma.

Ela também destaca a localização estratégica do Pavilhão de Carapina:

O novo pavilhão é um marco para o Espírito Santo. É perto do aeroporto e às margens da BR-101, o que facilita o acesso e minimiza impactos urbanos. Com a nova estrutura, vamos atender de forma muito mais satisfatória os grandes eventos que hoje acontecem em outros estados.

Subsecretária de Infraestrutura Turística, Lorena Vasques
Lorena Vasques é subsecretária de Infraestrutura Turística. Foto: Reprodução/TV Vitória
Expectativa de futuro

Seja pela projeção econômica, pela modernização da infraestrutura ou pela possibilidade de atrair grandes encontros nacionais e internacionais, o novo centro de eventos já é visto como uma conquista coletiva para o Espírito Santo.

Havia pessoas que defendiam o centro de eventos para fazer feiras empresariais, outros queriam para fazer shows e eventos corporativos… Chegamos a uma conclusão que podemos ter um centro que seja modular, para 200 pessoas e para mais de 30 mil pessoas, e ao mesmo tempo possa atender feiras, shows e todo tipo de evento. É um capítulo muito importante para o turismo do Estado.

Economista José Antônio Buffon

O investimento, segundo especialistas do setor, terá retorno garantido em geração de empregos, fortalecimento da rede hoteleira, expansão do comércio e maior visibilidade para o Estado.

Breno Ribeiro

Reporter

Jornalista há 9 anos, formado pelo Centro Universitário Faesa, com especializações em Marketing, Administração de Empresas e Gestão de Vendas.

Jornalista há 9 anos, formado pelo Centro Universitário Faesa, com especializações em Marketing, Administração de Empresas e Gestão de Vendas.