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Vampiro carioca cria estética de gibi para expressar submundo

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São Paulo – Quinta-feira, 16, 17h30, no Itaú Frei Caneca – o repórter é o único espectador na sala que exibe Vampiro 40°. Quando sai, só por curiosidade confere na bilheteria – ninguém ainda comprou ingresso para a sessão seguinte. Uma penúria extrema de público tem sido a maldição de diversos filmes da produção brasileira recente. Sem contar blockbusters um raro filme brasileiro que, nos últimos tempos, conseguiu atrair público foi Nise – O Coração da Loucura, de Roberto Berliner, graças, talvez, a uma feliz combinação da personagem (a psiquiatra Nise da Silveira) e a atriz que faz o papel, Glória Pires, com grandes sucessos de público no currículo. O problema é que Vampiro 40 º nasceu com a dupla ambição de transgredir e atrair público.

O terror, afinal, é o gênero preferido do público jovem, mas cabe ressaltar que é o terror ‘made in USA’. Qualquer ‘atividade paranormal’ arrebenta na bilheteria, mas outro brasileiro, Sinfonia da Necrópole, saudado como grande novidade por parte da crítica – mortos vivos que cantam e dançam, assombrando coveiro num cemitério – foi uma calamidade. Vampiro 40 º até que também tem certa novidade – o formato de gibi, o visual de colagem, com imagens dos atores sobrepostas a projeções audiovisuais. É duplamente um recurso estético, discutível que seja, e uma forma de barateamento dos custos, mas digamos que seja somente opção estética do diretor Marcelo Santiago.

Pois Vampiro 40 º expande para o formato longo os curtas da série Vampiro Carioca, exibidos pelo Canal Brasil (que coproduz o filme). Os curtas, por sua vez, baseiam-se no livro As Aventuras do Vampiro Carioca, de Lúcia Chataigner. E tudo isso tem a ver com a persona do ator que faz o protagonista, o vampiro Vlak, que volta ao Brasil depois de uma temporada na Transilvânia. Vlak inicia uma guerra contra o controlador da vampiragem carioca. Tem um inimigo que quer aproveitar seu enfraquecimento para se vingar, mas que, eventualmente, se une a ele. Vlak é Fausto Fawcett, ator, autor, compositor, escritor de ficção científica e jornalista. E o filme tem a cara dele. Desbocado, estética suja, repleto de loiras fatais e orientais malvadas num submundo fake. O horror, o horror, e isso, decididamente, não é elogio.