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'Vigilante Rodoviário' segue emocionando, 50 anos depois

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Ouro Preto – Inaugurado na quinta-feira, 23, com a exibição da versão restaurada de Cabra Marcado para Morrer, o clássico – híbrido de documentário e ficção – do homenageado Eduardo Coutinho, o 11º Cine OP teve momentos de intensa emoção no dia seguinte. À tarde, no seminário que discutiu preservação e história, houve uma mesa intitulada Imagens Vivas de Um Brasil Interditado, sobre como o cinema brasileiro refletiu, no calor da hora, entre 1976 e 85, sobre o (gradual) processo de redemocratização. A ditadura colhia críticas, fortalecia-se o movimento popular e os filmes testemunhavam o mal-estar que acometia o País.

O cineasta João Batista de Andrade estava na mesa. A mostra exibiu A Próxima Vítima, seu longa de 1982, com Antônio Fagundes como um repórter de TV que investiga o assassinato de prostitutas no Brás, em São Paulo, no quadro para a primeira eleição direta de governadores. Trinta e tantos anos depois, Ouro Preto resgatou um dos filmes importantes e, mais que isso, grandes do período. Visto com o recuo do tempo, A Próxima Vítima não perdeu nada, como Eles não Usam Black-Tie, de Leon Hirszman, sobre o movimento sindical, também exibido na mostra.

Mas o resgate que emocionou o público foi o de Vigilante Rodoviário, a série pioneira do começo dos anos 1960. Outra mesa, sobre A Influência Recíproca entre Cinema e TV, discutiu os casos do Vigilante e da Casa de Cinema de Porto Alegre, que produziu o telefilme Doce de Mãe, com Fernanda Montenegro, que virou série na Globo. Participaram do bate-papo Carlos Miranda, que fazia o vigilante, Fernando Fernandes, representante do acervo de Ary Fernandes, que dirigiu a série, e Ana Luiza Azevedo, pela Casa de Cinema, e Ana Gabriela, produtora executiva de Doce de Mãe.

Carlos Miranda veio com seu uniforme de vigilante. Está inteiro nos seus 82 anos. Contou como a série surgiu como uma reação aos enlatados (norte-americanos) que dominavam a programação da recente TV brasileira.

Inicialmente, era um dos produtores, mas um dia caiu a ficha do diretor Ary Fernandes de que não precisava mais procurar. Carlos seria perfeito no papel. Tão importante quanto ele era o cão, o mítico Lobo. “A gente conversava com o Lobo e ele entendia”, lembrou o emocionado Carlos Miranda. Houve na praça a projeção de três episódios – O Diamante Grão-Mongol, A História de Lobo e Aventuras em Ouro Preto. Carlos Miranda teve de se desdobrar para atender os pedidos de selfie. Todo este tempo depois ainda havia gente cantarolando o tema musical. “Eles abriram o caminho para nossa geração”, resumiu Ana Azevedo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.