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Vladimir Carvalho lança livro com seleção de seus escritos

Vladimir Carvalho lança livro com seleção de seus escritos Vladimir Carvalho lança livro com seleção de seus escritos Vladimir Carvalho lança livro com seleção de seus escritos Vladimir Carvalho lança livro com seleção de seus escritos

São Paulo – E a família Carvalho tem estado em destaque no 20.º É Tudo Verdade. Na segunda-feira, 13, houve a pré-estreia de “Um Filme de Cinema”, de Walter Carvalho, um belo documentário com imagens de uma sala em ruínas no interior da Paraíba e entrevistas com autores como Bela Tárr, Ruy Guerra, Gus Van Sant e outros, tentando decifrar o mistério do cinema. O que é, afinal de contas? Walter, o caçula, foi introduzido nesse universo – e no rock – pelo irmão Vladimir, que completa 80 anos e está sendo homenageado nos 20 anos do Festival Internacional de Documentários.

Nesta terça-feira, 14, à tarde, num evento na Cinemateca, Vladimir Carvalho foi entrevistado pelo criador do festival, Amir Labaki. E nesta quarta-feira, 15, ele autografa seu “Jornal de Cinema”. O livro é uma edição do É Tudo Verdade no selo Filmoteca de Letras, com apoio institucional da Imprensa Oficial do Estado. Como homenageado, Vladimir está sendo alvo de uma retrospectiva. O documentarista social de “O País de São Saruê” e do mais famoso – mas não tão bom – “Conterrâneos Velhos de Guerra”, liberou nos últimos anos sua veia lírica em “Os Engenhos de Zé Lins”, sobre o escritor José Lins do Rêgo. Vladimir também documentou o rock brasiliense (em “Rock Brasília”) – e aquele plano final, na Esplanada dos Ministérios, é de uma beleza de cortar o fôlego.

Vladimir, documentarista de carteirinha, nunca sentiu a tentação de ser ficcionista. Mas, citado por Amir Labaki na apresentação de “Jornal de Cinema”, esclarece – “O Nordeste é um contexto de muita pobreza, de muita privação, uma miséria que nos atingia muito. Penso que isso está nos meus filmes. Mesmo o documentário mais radical (como documentário), tem muito de autobiografia, de background familiar, de tudo o quer ficou para trás e, na verdade, não ficou, porque vem com você.”

“Jornal de Cinema” oferece uma seleção de textos escritos por Vladimir Carvalho para jornais, revistas e catálogos, mais alguns inéditos que, na feliz definição do Sr. É Tudo Verdade, “iluminam tanto sua vida e obra como mais de meio século de cinema e da cultura nacional, com ênfase na do Nordeste”. Um desses textos, singelamente chamado Cacá, foi escrito para o catálogo da Mostra de Cacá Diegues no Centro Cultural dos Correios de Brasília, em 2013. Vladimir destaca em Cacá uma característica comum a outros grandes do Cinema Novo (Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Walter Limas Jr., Arnaldo Jabor). São todos homens de letras, dotados de sólida cultura e que dominam a escrita.

O próprio Vladimir é um homem de letras, e brilhante. Tão grande quanto o magnífico São Saruê – e o texto do filme é a lavra dele – são os textos no Correio Braziliense e no tabloide de lançamento daquele clássico. Vladimir Carvalho não apenas escreve bem. É um pensador – do cinema brasileiro, da cultura nordestina, do sertanejo, esse forte que nutre seus filmes. É um memorialista generoso e acurado. Basta ler o que escreve sobre Glauber e Lima Barreto, o cineasta, quando os irmana como vítimas da injustiça – que Lima sofreu do próprio Glauber, antes de ser reavaliado por ele. Um dos mais emocionantes textos é sobre Pierre Kast, diretor francês amigo do Brasil, que morreu no mesmo dia de François Truffaut e foi ofuscado por ele. Ao que Amir Labaki já disse, vale acrescentar – “Jornal de Cinema” é um livro necessário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

JORNAL DE CINEMA

Autor: Vladimir Carvalho

Editora: Imprensa Oficial

Livraria Cultura. Av. Paulista, 2.073, Conj. Nacional. Quarta, 19 h