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Xico Sá lança 'Os Machões Dançaram', reunião de seus textos bem humorados

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São Paulo – Desde 2003, quando Xico Sá começou a mapear “as modas de macho e as modinhas de fêmea” pelos botecos do Brasil, tudo mudou. A “carençolândia” cresceu e ele mudou e desenvolveu seu registro, mas uma conclusão parece inevitável: estamos em tempos de homens vacilões.

Seu novo livro a leva no título: Os Machões Dançaram – Crônicas de Amor e Sexo em Tempos de Homens Vacilões, publicado pela Record, tem lançamento marcado para esta quinta, 10, às 19h, na Livraria da Vila (R. Fradique Coutinho, 915).

O título é inspirado num romance de Norman Mailer, justamente, Os Machões Não Dançam. “Era a hora mais apropriada do mundo”, comenta Xico por telefone, do Rio. “Essa reserva do macho jurubeba está em extinção.”

O jurebeba, “o macho com todos os defeitos de fábrica”, é apenas um dos tipos que o escritor cataloga nessa reunião de crônicas de costumes, elegia às mulheres e uma eulogia para Lou Reed – há textos inéditos e reescrituras de crônicas que saíram na web em sites como do El País (para onde ele escreve semanalmente), da Folha de S. Paulo e no seu próprio Facebook.

Entre os tipos de homens recenseados, estão o Macunaemo (metade Macunaíma, metade roqueiro emo), o homem de Ossanha (aquele que “diz vou / Não vai”, segundo o samba de Vinicius e Baden), o macho alfa, o homem-buquê, afetado pelo raio gourmetizador e o homem-ocupação (“indie de passeata”).

“Ainda há esperneio (dos homens jurebebas), e o cara que quer mudar, tipo no qual me incluo, está espremido entre ele e o que eu chamo de macunaemo, tem muita gente nesse estágio”, reflete o cronista sobre o assunto urgente do momento. “Vai dar em bom termo mais adiante, mais ainda falta muito.”

No turbilhão de embates diários da web, o cronista quis parar para uma reflexão. “É um freudianismo de boteco, principalmente para nós homens, discutir em que lugar estamos nessa história e trazer isso para o rés do chão”, explica – com forte presença nas redes e até por isso escorraçado por muitos lados (o feminismo costuma ver problemas em seus textos), ele diz pensar com frequência no assunto – uma das frases que escolhe como epígrafe, da célebre Gloria Steinem, diz: “uma mulher sem um homem é como um peixe sem uma bicicleta”.

“Eu fui reler coisas do primeiro livro (da trilogia, que agora se encerra), e não acreditava, tinha coisas muito machistas”, diz. “Tenho muito esse embate sobre o machismo, e na maioria das vezes elas têm razão”, admite. “Recentemente, uma moça fez uma leitura muito sofisticada das crônicas, dizendo que essa própria devoção (às mulheres) é um machismo, um tipo de crítica inteligente”, conta – “mas não concordo inteiramente, porque não posso tirar o lirismo, a poesia, eu persigo uma crônica literária, não escrevo cartilha pedagógica. Não posso me impedir a esse ajoelhamento diário”.

Sobre as hashtags como #meuprimeiroassedio e #meuamigosecreto, que recentemente ganharam muito destaque nas redes, Xico se diz um leitor atento. “Acho riquíssimo, essa nova narrativa é inclusive um material para outras crônicas.”

Com o bom humor e os neologismos inconfundíveis (“o inimitável estilo xicosapiens”, conforme Reinaldo Moraes diz na orelha) e as costumeiras citações (de Waldick Soriano a Leonard Cohen), o cronista explora os diversos temas modernos na busca de entender o que se passa com o homem e com a mulher no ano da graça de 2015.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.