
Pouca gente sabe, mas existe uma maneira quase esquecida de multiplicar antúrio que não apenas funciona, como também favorece o crescimento de raízes mais espessas e saudáveis. Enquanto a maioria dos tutoriais se concentra na divisão de touceiras, um método mais silencioso — e até desprezado — está surpreendendo cultivadores atentos que buscam plantas mais resistentes, bonitas e com maior potencial de florescimento. O segredo está em um detalhe que imita a própria lógica da natureza.
Multiplicar antúrio por estaca aérea: o truque da natureza
A técnica de multiplicar antúrio por estaca aérea pode parecer ousada, mas é extremamente eficaz quando feita corretamente. Ela consiste em induzir a formação de raízes diretamente no caule, ainda preso à planta-mãe, antes mesmo do corte definitivo. Para isso, escolhe-se um ponto do caule que esteja alongado e com pelo menos uma raiz aérea visível ou um nó em evidência.
Com o auxílio de um pedaço de esfagno umedecido e plástico filme, envolve-se o local, criando uma espécie de miniestufa ao redor do caule. Após algumas semanas, é possível observar raízes mais grossas e densas se formando dentro do invólucro. Quando estiverem bem desenvolvidas, corta-se abaixo da estaca e planta-se normalmente em substrato aerado. Simples, eficiente e muito menos agressivo do que a divisão direta das touceiras.
Essa abordagem reduz o risco de choque pós-transplante e evita que a planta-mãe fique fragilizada. Além disso, por manter o fornecimento contínuo de seiva até que as raízes estejam formadas, o antúrio responde com vigor, desenvolvendo estruturas subterrâneas mais espessas e nutridas.
Benefícios invisíveis da raiz mais grossa
O desenvolvimento de raízes mais grossas tem impacto direto na qualidade da planta. Primeiro, porque essas raízes armazenam mais água e nutrientes, o que garante maior tolerância a variações climáticas e menos dependência de regas frequentes. Em segundo lugar, elas ancoram melhor a planta no vaso, tornando-a mais estável e robusta.
Outro ponto pouco comentado é que, com raízes mais fortes, o antúrio tende a produzir folhas maiores, espessas e de cor mais intensa. E, em muitos casos, floresce com mais frequência — e com inflorescências de maior duração.
Essa diferença se torna evidente quando comparamos um antúrio multiplicado por divisão direta, cujas raízes recém-separadas sofrem um leve estresse, com outro propagado por estaca aérea, que já chega ao vaso praticamente pronto para crescer.
Como montar sua miniestufa caseira com segurança
Um dos maiores segredos do sucesso dessa técnica está na montagem correta da estaca aérea. O esfagno deve estar bem umedecido, mas nunca encharcado. Envolver o caule com uma camada generosa, pressionando levemente, garante o contato necessário para estimular a formação das raízes.
O plástico filme usado para cobrir o esfagno deve ser bem vedado, criando um ambiente úmido e protegido. Muitos cultivadores prendem com barbante ou fita vegetal para garantir que o pacote não se solte com o tempo. É possível também usar potes de plástico cortados ou garrafas PET, desde que deixem uma pequena abertura para troca mínima de ar.
A checagem deve ser feita a cada 10 dias para evitar o apodrecimento do caule ou o surgimento de fungos. Se tudo correr bem, entre 30 e 50 dias já será possível ver raízes grossas e claras se desenvolvendo sob o esfagno.
Por que essa técnica ainda é pouco falada
Apesar de sua eficiência, multiplicar antúrio por estaca aérea ainda é pouco comentado entre jardineiros iniciantes por dois motivos principais: a espera maior em relação à divisão de touceiras e a ideia equivocada de que é um processo difícil. Na verdade, trata-se de uma técnica simples, acessível e extremamente útil para quem não quer correr riscos desnecessários com plantas valiosas.
Além disso, ela oferece um visual interessante durante o processo, despertando curiosidade e encantamento, especialmente entre crianças e visitantes. Ver raízes se formando antes mesmo da separação reforça o caráter mágico da botânica e o poder da observação paciente.
A beleza da multiplicação inteligente
Reproduzir plantas vai muito além de cortar e plantar. Envolve entender os ritmos naturais e respeitar os processos da vida vegetal. Ao adotar a técnica menos falada para multiplicar antúrio, você não apenas ganha uma nova muda, mas também fortalece o vínculo com a planta-mãe, que permanece íntegra e saudável.
Mais do que eficiência, essa forma de propagação oferece elegância e respeito ao ciclo natural do antúrio, favorecendo mudas mais potentes, adaptáveis e cheias de vitalidade.