
Apesar do visual exótico e da fama de planta medicinal, o avelós (Euphorbia tirucalli) carrega um alerta que muita gente ignora: sua seiva é altamente tóxica. Popular em jardins tropicais e até em vasos decorativos dentro de casa, essa planta suculenta, com galhos finos e cilíndricos que lembram varetas verdes, pode ser perigosa ao menor contato com a pele ou mucosas. Saber identificar os riscos e como manuseá-la com segurança é essencial para evitar acidentes e preservar a saúde.
Avelós exige cuidado desde o primeiro toque
A palavra-chave aqui é precaução. A seiva leitosa do avelós contém substâncias irritantes que, ao entrarem em contato com a pele, olhos ou boca, podem provocar reações intensas. Isso inclui desde coceira e vermelhidão até queimaduras químicas e, em casos mais graves, cegueira temporária. É comum que jardineiros amadores e até profissionais subestimem essa planta justamente por sua aparência inofensiva.
Por que a seiva do avelós é tão perigosa?
A seiva do avelós contém diterpenos, especialmente o phorbol, um composto tóxico com efeito cáustico. Quando a planta é cortada ou danificada, essa substância escorre com facilidade. O maior risco ocorre durante podas, quebras de galhos ou quando se tenta reproduzi-la. Se houver feridas na pele, o efeito pode ser ainda mais agressivo, já que o composto penetra diretamente na corrente sanguínea.
Casos de intoxicação: relatos que assustam
Hospitais dermatológicos e oftalmológicos frequentemente registram casos de intoxicação por contato com o avelós. Um dos relatos mais comuns envolve jardineiros que, ao podar a planta sem luvas, acabam esfregando os olhos depois. O resultado pode incluir inchaço ocular, visão turva e dor intensa. Há também registros de inflamação gástrica em pessoas que, por desinformação, ingeriram partes da planta acreditando em supostos efeitos terapêuticos.
O avelós é medicinal ou venenoso?
Esse é um dos pontos mais controversos. Em algumas culturas, o avelós foi promovido como uma planta com potencial terapêutico, incluindo até menções ao tratamento de câncer — todas sem comprovação científica. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já alertou que a ingestão do avelós representa risco à saúde e que seu uso medicinal deve ser totalmente evitado fora de ambientes clínicos, se for considerado em algum estudo. Na prática, é mais correto classificá-lo como venenoso para fins domésticos.
Como manusear o avelós com segurança
Se mesmo com os riscos você optar por manter o avelós em casa ou no jardim, é fundamental adotar medidas rigorosas de proteção:
- Use luvas grossas ao tocar ou podar a planta. Luvas de borracha são ideais, pois evitam o contato direto com a seiva.
- Óculos de proteção são recomendados durante a poda. O líquido pode espirrar e atingir os olhos de forma inesperada.
- Evite o cultivo próximo a crianças e animais, que são mais suscetíveis ao contato acidental e aos efeitos da toxicidade.
- Nunca queime restos da planta. A fumaça também é tóxica e pode causar problemas respiratórios.
- Após o manuseio, lave bem as ferramentas e as mãos, mesmo se estiver de luvas. O resíduo da seiva pode permanecer ativo.
Onde cultivar o avelós com menos risco
Se a ideia é manter a planta apenas por sua beleza ornamental, o melhor é cultivá-la ao ar livre, em locais altos ou cercados. Evite áreas de circulação ou espaços compartilhados com pets. O ideal é posicioná-la em locais com boa iluminação, solo bem drenado e afastada de outras espécies que possam dificultar o acesso seguro.
Acidentes acontecem, e é importante saber agir rápido. Em caso de contato com a pele, lave imediatamente com água corrente e sabão neutro. Se a seiva atingir os olhos, lave com água abundante por pelo menos 15 minutos e procure atendimento médico imediatamente. Na ingestão, não provoque vômito: vá direto ao pronto-socorro.
A beleza das plantas deve caminhar junto com o cuidado e a informação. Ao entender os riscos do avelós e aplicar medidas de segurança, é possível conviver com ele de forma consciente — ou, se preferir, substituí-lo por espécies mais amigáveis ao toque e à curiosidade das crianças. Afinal, quando o assunto é jardinagem, prevenir é sempre o melhor adubo.