
A cultura pode ser um bom negócio e, além de gerar riqueza intelectual, tem grande potencial para gerar riqueza financeira. E, no caso do restaurado Theatro Carlos Gomes, dá até para chegar a números. Segundo dados do Observatório do Turismo do ES, da Secretaria da Cultura e de pesquisas de institutos renomados, é possível movimentar mais de R$ 30 milhões por ano na economia com a renovada casa de artes capixaba. São empregos, atividade econômica do entorno com bares e restaurantes, atração de turismo.
A restauração do Carlos Gomes custou cerca de R$ 20 milhões. A presidente do Instituto Modus Vivendi, Erika Kunkel, que fez a restauração, acredita que monumentos históricos são ativos culturais que impulsionam o desenvolvimento. E o teatro renovado vai de braços dados com o turismo e a cultura. É dentro desse conceito que ela realiza todos os seus projetos culturais e históricos.
Quando monumentos como o Theatro Carlos Gomes são preservados de forma responsável, não apenas mantêm viva a memória coletiva, mas também impulsionam a cadeia produtiva da cultura nas regiões onde estão inseridos. Ou seja, o teatro restaurado fortalece artesãos, guias, artistas, produtores locais e toda a economia criativa ao seu redor. Cuidar desses patrimônios é investir em identidade, desenvolvimento e futuro.
Erika Kunkel, presidente do Instituto Modus Vivendi
A economia do ‘Theatro’
Segundo dados do ResearchGate, uma plataforma online criada para compartilhar artigos científicos, e conectar pesquisadores do mundo inteiro, casas históricas de porte médio costumam ter entre algumas dezenas a poucas centenas de apresentações ao ano. Nesse sentido, são espetáculos, concertos, apresentações de companhias, mostras e visitas guiadas. O Carlos Gomes tem capacidade para 450 pessoas. A ocupação média vai de 45%, na fase de retomada, a 75%, com agenda estabelecida com grandes atrações.
Nessa conta, é preciso considerar que parte do público é de turistas. Entre 10% e 20%. Eventos de grande porte atraem visitantes intermunicipais/interestaduais, que geram gasto com hospedagem. Dados do observatório do Turismo do ES mostram que há aumento na permanência média de turistas, o que reforça o gasto por visitante.

Segundo a Pesquisa de Impacto Econômico dos Eventos Internacionais, da FGV e Embratur, um morador local gasta, por exemplo, com ingressos, alimentação e transporte entre R$ 80 e R$ 120. Já o turista tem um gasto maior, já que tem viagem e hospedagem incluídos. A conta fica entre R$ 450 e R$ 550 por visita. Esses parâmetros seguem a lógica dos estudos. Ou seja: cultura gera grana e o Carlos Gomes tem muito potencial.
História do Carlos Gomes
O Theatro Carlos Gomes foi inaugurado em 5 de janeiro de 1927. Nesse sentido, é um marco arquitetônico e cultural de Vitória. Desde então funcionou como palco para óperas, concertos, peças e eventos públicos. Sempre atraiu público local e visitantes, sustentando profissionais da cultura (orquestras, companhias, técnicos) e serviços ligados ao espetáculo.
Ao longo do século XX o teatro ajudou a dinamizar o Centro de Vitória. Nesse sentido, gerou empregos diretos (equipe, cenografia, bilheteria) e indiretos (bares, restaurantes, hotéis, comércio). Do mesmo modo contribuiu para a cadeia cultural, com a formação de públicos, escolas e festivais. Ou seja, com efeito multiplicador sobre o turismo cultural do Estado.