Jul 2021
8
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

A trajetória do “ouro verde” pelo Brasil

Até o século XVII apenas os árabes produziam café. Alemães, italianos e franceses, por exemplo, tentaram produzir o grão de várias formas, mas falharam. Os holandeses foram os primeiros a conseguirem mudas, que estão guardadas até hoje no Jardim Botânico em Amsterdã.

No Brasil, segundo o Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV), o grão chegou por volta de 1727, trazido pelo Sargento-Mor Francisco de Melo Palheta das Guianas. As primeiras mudas e sementes foram plantadas no estado do Pará e, posteriormente, foram levadas ao Amazonas, Maranhão e ao Piauí.

Não encontrando a região ideal de cultivo, o cultivo falhou em promover bons frutos e resultados econômicos nessas localidades. Contudo, em 1770, o café foi levado ao Rio de Janeiro, pelo Desembargador João Alberto Castello Branco. E foi aí que a produção começou a ganhar relevância.

Os cariocas foram líderes na produção nacional até os últimos anos do século XIX, aproximadamente, quando perderam espaço para São Paulo. Posteriormente, Espírito Santo e Minas Gerais também bateram a produção do RJ, ocupando o terceiro e segundo lugar, respectivamente.

O café no Espírito Santo

Os primeiros cafezais surgiram no ES ainda no século XIX, tendo como marca registrada a sua vinda junto das imigrações italianas e alemãs. O plantio foi iniciado nas regiões serranas e Sul do estado, mas, por volta de 1920, se espalhou ao longo do Rio Doce e das recém exploradas áreas da Mata Atlântica.

Até o ano de 1962, o café arábica dominou a economia estadual ocupando mais de 500 mil hectares. Mas, a partir dessa época, os solos começaram a apresentar sinais de exaustão que foram agravados com o surgimento da “ferrugem”, doença até então inexistente em território brasileiro.

Ainda, em meio a esta crise setorial, o Governo Federal lançou o plano de erradicação dos cafezais que acabou fazendo com que o ES reduzisse sua área plantada em 53%, com graves reflexos sociais e econômicos.

E nesse cenário, na impossibilidade de plantar a variedade arábica, o conilon surgiu como alternativa. Inicialmente, houve resistência das regiões que cultivavam arábica. Os produtores temiam que as lavouras de Conilon viesse a substituir os cafés mais finos, dados os menores custos de produção e a elevada produtividade. E até o momento, havia apenas uma lavoura implantada na Fazenda Monte Líbano, em Cachoeiro de Itapemirim. As primeiras sementes vindas do município foram levadas para a Escola Agrotécnica Federal de Santa Teresa e posteriormente para São Gabriel da Palha pelo Sr. Ernesto Caetano e plantadas nas propriedades dos Srs. Moisés Colombi e Arcanjo Lorenzoni.

Em 1971 iniciaram-se os plantios comerciais de conilon com sementes dessas propriedades e em pouco tempo o espaço deixado pelo arábica foi preenchido. Essa é uma história que reflete a resiliência dos produtores capixabas.

“Nesse contexto de materialização do ES como o segundo maior produtor de café do Brasil, deve ser destacado o papel do CCCV na parceria que se estabeleceu entre o setor público e privado. A partir dela, o cafeicultor pode receber informações tecnológicas que possibilitem o avanço no processo de produção de café, a partir de pesquisas bem fundamentadas pelo Incaper” afirma Frederico Daher, consultor do CCCV e Superintendente do Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café (CETCAF).

Vale destacar também a fundação do CETCAF, instituição privada e sem fins lucrativos, no fim de 1993. Esse movimento foi capitaneado pela então Câmara Setorial do Café e apoiado decisivamente pelo CCCV e pela Cooabriel.

“Além do volume de produção, a cafeicultura capixaba vem se destacando em qualidade dos cafés arábica e conilon, além de ganhar espaço no ramo de grãos especiais. Esse movimento acontece graças a instituições que auxiliaram toda a cadeia produtiva, como o CETCAF. Essas parcerias são responsáveis por novos métodos e tecnologias que ampliam a produtividade das lavouras e, consequentemente, a renda do cafeicultor.” conclui.

Hoje, após a longa trajetória, o produto representa cerca de 43% do PIB agrícola capixaba, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Além disso, o setor cafeeiro ainda atrai investimentos para o ES, vindos tanto de empresas nacionais quanto internacionais.

Em suma, o ouro verde continua sendo uma das forças da economia capixaba.

 

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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