Pesquisadores capixabas desenvolvem pesquisa para eliminar resíduos de glifosato nas lavouras de café Pesquisadores capixabas desenvolvem pesquisa para eliminar resíduos de glifosato nas lavouras de café Pesquisadores capixabas desenvolvem pesquisa para eliminar resíduos de glifosato nas lavouras de café Pesquisadores capixabas desenvolvem pesquisa para eliminar resíduos de glifosato nas lavouras de café

Em um cenário em que o Brasil é o maior produtor de café do mundo e o Espírito Santo o maior produtor de conilon do país, pesquisadores capixabas lideraram a primeira rede mundial de pesquisa do herbicida glifosato nos cafés conilon e arábica. Após três anos, os resultados deste projeto inédito começaram a render frutos. Financiada pela Fapes e pela Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI), a pesquisa recebeu aporte de quase R$ 1 milhão de diferentes editais em três anos de execução. Além de ter resultado na criação de uma startup, a Symbiotech, a pesquisa foi responsável pelo patenteamento de quatro novos processos e contribuiu para a formação de profissionais desde a graduação até o pós-doutorado na estrutura dos laboratórios da UVV, em Vila Velha.

Herbicida glifosato foi banido em alguns países

O glifosato é um princípio ativo aplicado nas folhas para controlar mais de 150 espécies de ervas daninhas existentes, bloqueando a sua capacidade de absorver alguns nutrientes. Ele não costuma ser usado no ciclo de produção das culturas porque pode afetar o cultivo principal. O uso do glifosato nas lavouras já foi banido em diversos países que relacionam o seu uso ao desenvolvimento de doenças. No Brasil, ele é autorizado, com restrições, no plantio de algumas culturas. A pesquisa vem justamente para isolar e identificar  microrganismos capazes de destruir resíduos do glifosato aplicado nas lavouras de café. Ao fazer isso, é possível utilizar esses microrganismos para reduzir o impacto do glifosato no meio ambiente e riscos à saúde humana. A iniciativa foi realizada a partir da Rede Inova Café, uma ação da Secretaria de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca do Espírito Santo (Seag) com a participação de pesquisadores da Universidade Vila Velha (UVV), do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). “A importância desse projeto reside na criação de soluções biológicas para um problema ambiental e de saúde, contribuindo para uma produção de café mais sustentável em nosso estado. A colaboração com instituições de renome internacional e nacional amplia a nossa capacidade de pesquisa, trazendo diferentes expertises e abordagens. Isso enriqueceu o projeto e foi crucial para os avanços que alcançamos até agora”, explicou Alessandro Coutinho, professor e pesquisador da UVV. O projeto também contou com a colaboração de instituições como a Universidade de Lisboa, a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ). Além do estudo, foram produzidos biofertilizantes para o tratamento das plantas, do grão e para promoção do crescimento do cafeeiro. A partir do desenvolvimento dos produtos, estão sendo patenteados quatro processos que envolvem o aumento da área radicular, absorção dos nutrientes, ação contra patógenos e o modelo de consórcio de microrganismos degradadores em um novo veículo de inoculação. “Estamos formando profissionais desde a graduação até o pós-doutorado em nossa infraestrutura de pesquisa na UVV. Isso garante não só o desenvolvimento da pesquisa, mas também a formação de uma nova geração de cientistas e profissionais altamente qualificados para lidar com desafios agrícolas e ambientais”, disse Coutinho. A formação envolve cursos de mestrado e doutorado do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Vegetal da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e a UVV.

Ancorada na ciência e tecnologia, startup Symbiotech desenvolve biofertilizantes

Do projeto, nasceu a startup Symbiotech, que busca transformar as descobertas em soluções práticas para o mercado e acelerar a comercialização das tecnologias desenvolvidas no projeto, possibilitando um impacto real no setor agrícola. Liderada pela CEO e pesquisadora da UVV, Amanda Azevedo Bertolazi, a startup foi aprovada no Programa Centelha II, passou pelo maior programa de aceleração da América Latina, o Inovativa Brasil, e teve a ideia premiada em terceiro lugar na Academia-Industry Training (AIT). As pesquisas começaram nos cafés conilon e arábica, mas estão avançando para a horticultura. Os próximos passos da startup incluem avançar nos testes experimentais com viveiristas de Venda Nova do Imigrante e Marechal Floriano que trabalham com o café arábica e de Aracruz com plantas de café conilon e mamão. Os produtos desenvolvidos em laboratórios serão testados no campo e os resultados devem começar a aparecer a partir do ano que vem. Posteriormente, a intenção é investir na produção dos biofertilizantes em escala comercial.

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio

Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.