Fev 2024
20
Stefany Sampaio
AGRO BUSINESS

porStefany Sampaio

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Apesar de boas expectativas, empresários avaliam se rota é viável

A pista do Aeroporto Regional de Linhares possui 1.860 metros e começou a ser construída em 2018, sendo inaugurada em abril de 2023. O investimento para a ampliação do terminal foi em torno de R$ 67 milhões. A Agência Nacional de Aviação (Anac) concedeu autorização para voos comerciais em agosto do ano passado, e o primeiro voo foi realizado em dezembro.

Rodrigo Martins, diretor Comercial da UGBP, empresa sediada em Linhares que exporta mamão, gengibre, limão, laranja e coco verde para o mercado exterior, vê com boas expectativas o início das operações de aviões de cargas, mas ressalta que algumas melhorias ainda precisam ser feitas para que as atividades aconteçam.

“Sem dúvida, é um sonho ver as exportações de cargas passando por Linhares, mas para isso se tornar realidade, não depende apenas de nós, empresários; depende também das companhias aéreas. Para elas, não é viável trazer um avião vazio; é necessário que haja produtos para importação como contrapartida. Embora o aeroporto já esteja homologado, ainda depende da construção da infraestrutura necessária, incluindo galpões, além das determinações junto ao Ministério da Agricultura”, explicou Martins.

A UGBP tem demanda para exportar cargas, chegando a 10 a 15 aviões por semana. Por enquanto, os envios são realizados pelos aeroportos de São Paulo e Rio de Janeiro. Martins destaca que o maior gargalo é a falta de demanda de importação por Linhares. “É importante entender a demanda da região para identificar quais produtos podem ser importados. É evidente que, se houver uma demanda significativa por exportações, serão feitos investimentos em infraestrutura no aeroporto”.

Francisco Vidolin, sócio-proprietário da Frutas Solo, empresa especializada no beneficiamento e exportação de mamão, pitaya, gengibre e goiaba, está otimista com a possibilidade do aeroporto receber voos cargueiros. Embora a empresa utilize diversos aeroportos do Brasil para enviar seus produtos, eles estão interessados na viabilidade de utilizar o Aeroporto de Linhares. A Frutas Solo tem sede em Sooretama, no norte do estado, e as exportações têm alcançado destinos variados, incluindo países da Europa, América do Sul e Oriente Médio.

No entanto, Vidolin enfatiza que, até o momento, não há nada concreto e que melhorias ainda são necessárias na área. Ele afirma: “Se dependesse apenas de nós, certamente Linhares seria uma opção viável. No entanto, cabe às companhias aéreas avaliar a viabilidade das operações de transporte de cargas. Estamos na expectativa de que o aeroporto tenha uma aeronave adequada para enviar nossos produtos, já que utilizamos aeronaves de grande porte”, explica.

Vidolin é um dos empresários que testou o envio dos frutos pelo Aeroporto de Vitória em meados do ano passado, quando a Avianca Cargo inaugurou uma rota internacional de cargas entre Miami (EUA) e a capital capixaba. Desde então, a companhia aérea passou a embarcar produtos perecíveis, como mamão e peixes. No entanto, esse projeto, que se mostrou promissor, agora avança em passos lentos.

Novo voo internacional de cargas por Vitória foi reduzido

José Roberto Macedo Fontes, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Papaya (Brapex), ressalta que, inicialmente, os voos de cargas pelo Aeroporto de Vitória estavam planejados para serem realizados semanalmente. No entanto, ele observa que atualmente esses voos ocorrem apenas de forma ocasional.

“Por Vitória, temos a possibilidade de realizar as exportações via aérea e já realizamos alguns embarques. No entanto, Vitória, por não ser aeroporto internacional, não dispõe de fiscalização em tempo integral, o que acarreta em atrasos nos voos e alterações na agenda. Dependemos dos voos da Avianca, que chegam com cargas. Embora tenhamos observado a possibilidade de aumentar os voos com a Avianca, enfrentamos dificuldades na fiscalização das cargas, o que aumenta o risco de perdas de produtos perecíveis”, ressaltou Macedo.

Para que Linhares se torne uma opção viável para voos de cargas, é necessário investir em infraestrutura, como galpões para armazenamento e unidades da Receita Federal e do Ministério da Agricultura. Macedo Fontes expressa otimismo em relação às iniciativas em andamento, como o concurso aberto no Ministério da Agricultura, que poderá garantir a disponibilidade de fiscais federais para o estado.

No entanto, ele reconhece que ainda há etapas a serem superadas, como a ampliação das unidades de fiscalização e dos galpões de armazenamento. Ainda assim, o setor enxerga com bons olhos essas mobilizações.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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