
* Artigo escrito por Renan Batista Queiroz, doutor em Entomologia e coordenador e professor do curso de Agronomia da Faesa
Ainda em 2004, quando comecei estudar Agronomia, ouvíamos os professores falando que a Agronomia seria a profissão do futuro. Passados pouco mais de 20 anos, percebemos que de fato chegamos nessa condição. Em todos os lugares, a agricultura é pauta de discussão sobre sua importância para toda a população, seja no aspecto econômico, social e ambiental.
A Agronomia está intimamente ligada à sustentabilidade, e ambas são fundamentais para assegurar que todos tenham acesso a alimentos saudáveis, nutritivos e em quantidade suficiente, garantindo assim a segurança alimentar. Modelos de produção como agricultura familiar, agroecologia, agroflorestas, agricultura regenerativa e agricultura inteligente mostram-se centrais para alcançar esse objetivo.

A agricultura familiar tem papel de destaque: ela produz muitos dos alimentos básicos consumidos no Brasil, como arroz, feijão, hortaliças, e frequentemente entrega produtos frescos, locais e de boa qualidade, além de promover autonomia alimentar e econômica para famílias.
Por outro lado, sistemas mais modernos e sustentáveis, como os sistemas agroflorestais (SAFs) e a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), combinam a produção de alimentos com a preservação ambiental.
Nessas práticas, diferentes culturas, animais e árvores coexistem, promovendo biodiversidade, solo saudável e oferta diversificada de alimentos que beneficia produtores e consumidores. Estudos mostram que esses sistemas asseguram maior segurança alimentar e nutricional.
Além disso, o avanço tecnológico representa um passo importante para a agricultura do futuro. Conceitos como agricultura digital envolvem o uso de tecnologias (internet das coisas, sensores, automação, ciência de dados, inteligência artificial) para tornar a produção agrícola mais eficiente, reduzindo desperdícios, economizando água e insumos, e aumentando produtividade de forma sustentável.
Esses avanços tecnológicos podem ser decisivos para responder ao desafio global: alimentar uma população crescente sem comprometer o meio ambiente.
Em um contexto de desafios crescentes como mudanças climáticas, degradação do solo, escassez de água e perda de áreas agrícolas, garantir produção suficiente de alimentos para uma população global em crescimento, de forma sustentável, é necessário.
A agronomia, com manejo da terra, práticas agrícolas modernas com mais tecnologias e estudos avançados em ciência do solo, é a peça fundamental para superarmos esses desafios.
A Agronomia, quando inserida num contexto de sustentabilidade, diversidade, justiça social e inovação, não é apenas “plantar para vender”.
Ela representa uma ciência e prática essencial para garantir a alimentação de toda a população, proteger recursos naturais e construir um sistema agroalimentar mais justo, resiliente e duradouro.
Quem estuda Agronomia ou trabalha no ramo da agricultura percebe que o trabalho vai além de produzir: trata-se de contribuir para saúde pública, meio ambiente, equidade social, e isso exige conhecimento técnico, científico e contextualizado.