Economia

Além de tecnologia, proposta pedagógica deve ser consistente, diz especialista

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São Paulo – Em escolas e faculdades onde a aposta tecnológica é antiga, professores relatam maior aprendizagem e engajamento dos alunos. O risco, segundo especialistas, é investir apenas no uso dos equipamentos sem uma proposta pedagógica consistente.

Na Trevisan Escola de Negócios, de São Paulo, a maioria das salas é equipada com lousa digital. Na classe, todo estudante leva um notebook ou tablet. “O movimento que o professor executa na lousa, o aluno pode acompanhar do próprio computador”, explica Renato Tavares, coordenador do curso de Ciências Contábeis da escola. “Ele recebe tudo que é reproduzido na tela. Não precisa ficar disperso, copiando a matéria.”

Além de preparar melhor para a tecnologia que vai encontrar no mercado de trabalho, os equipamentos agilizam as aulas. “É possível exemplificar um cálculo matemático bem mais rápido e sobra tempo para discutir a matéria”, afirma Tavares.

A tecnologia também está na rotina do Dante Alighieri, tradicional colégio particular de São Paulo. No ensino médio, cada aluno ganha um tablet da escola e as salas têm lousas digitais.

“No mundo de hoje é impossível pensar na formação do aluno, social e do trabalho sem esse viés da tecnologia, que eles trazem de antes da escola”, defende Valdenice Minatel, coordenadora de tecnologia do Dante. “E embora nativos digitais, eles ainda são ingênuos. É preciso discutir sobre ética e criticidade nesse universo”, afirma.

A escola usa ainda as plataformas de “ensino adaptativo”. Os acertos, erros e o tempo gasto em cada questão, registrados no ambiente virtual, dão pistas para planejar classes e mapear dificuldades mais comuns da turma.

“O professor dá exercícios e, pelos dados do sistema, sabe o que priorizar, antes mesmo de iniciar um novo conteúdo”, diz Valdenice.

Cuidados

Educadores veem o uso da tecnologia ao mesmo tempo com otimismo e preocupação. “É positivo porque fala a linguagem do jovem, que hoje é conectado à tecnologia, e torna a escola mais atrativa”, afirma a diretora da faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Neide Noffs.

Ela, porém, diz temer que grupos educacionais usem as inovações para reduzir o número de docentes ou para transformá-los em meros operadores de sistemas. “Isso não pode precarizar o papel do professor. É fundamental manter a função de promotor do conhecimento.”

Para Roberto Lobo, ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP), as tecnologias devem ser bem integradas ao projeto educacional. “Se bem usadas, e não só como um show de marketing, podem melhorar e muito o processo de aprendizagem”, afirma.

A tecnologia também dinamiza as classes. “Está provado que a tradicional aula expositiva de 50 minutos, com um monólogo nem sempre interessante do professor, não prende a atenção por mais de 20 minutos”, afirma Lobo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.