Economia

Alta da indústria não significa trajetória consolidada de recuperação, diz IBGE

A indústria registrou alta na produção em 17 entre 26 as atividades pesquisadas em fevereiro de 2019 ante fevereiro de 2018

Alta da indústria não significa trajetória consolidada de recuperação, diz IBGE Alta da indústria não significa trajetória consolidada de recuperação, diz IBGE Alta da indústria não significa trajetória consolidada de recuperação, diz IBGE Alta da indústria não significa trajetória consolidada de recuperação, diz IBGE
Foto: Foto: Daniele Carline Peiker / Divulgação,Cativa Têxtil

A alta de 0,7% na produção industrial na passagem de janeiro para fevereiro ainda não significa uma recuperação do setor, avaliou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Embora tenha melhorado na margem da série (na comparação com o mês anterior), isso não significa que a produção tenha trajetória ascendente ou consolidada de recuperação”, afirmou Macedo.

Embora a média móvel trimestral tenha voltado a ficar positiva em fevereiro, com ligeiro aumento de 0,1%, a taxa acumulada em 12 meses, com alta de 0,5%, manteve a trajetória de desaceleração iniciada em junho do ano passado. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, divulgados pelo IBGE.

O pesquisador lembra que a indústria vem de uma base de comparação depreciada, com perdas significativas acumuladas de 2014 a 2016.

Ainda assim, o crescimento obtido nos anos de 2017 e 2018 ainda não foi suficiente para tirar a indústria do patamar de produção registrado no primeiro trimestre de 2009. “A gente não consegue sair desse patamar de produção de 2009”, alertou.

Macedo aponta que o ambiente de incertezas elevadas tem afetado os investimentos em bens de capital, além e adiado o consumo das famílias. O mercado de trabalho ainda longe de mostrar uma melhora consistente – com um grande contingente de desempregados e desalentados – contribui para inibir a demanda doméstica.

“E 2019 já tem um adicional negativo vindo do setor extrativo”, lembrou Macedo, referindo-se ao rompimento da barragem a Vale em Brumadinho, Minas Gerais, que derrubou o desempenho das indústrias extrativas.

Dias úteis

O mês de fevereiro de 2019 teve dois dias úteis a mais que fevereiro de 2018, impulsionando a alta de 2,0% registrada pela produção industrial brasileira no período. “Se eu tratasse com ajuste sazonal, tirasse o efeito de feriados móveis como o carnaval, a produção teria tido uma queda de 1,3%”, calculou André Macedo.

Macedo ressaltou que o desempenho positivo de fevereiro deste ano também pode ter sido estimulado por uma antecipação da produção, em função da expectativa pelo feriado de carnaval no mês de março.

Segmentos

A indústria registrou alta na produção em 17 entre 26 as atividades pesquisadas em fevereiro de 2019 ante fevereiro de 2018. O principal impacto positivo partiu da fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (16,4%), impulsionada pelos automóveis, caminhões, reboques e semirreboques e autopeças.

Outras contribuições relevantes foram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,8%), produtos alimentícios (4,2%), produtos de metal (6,1%), bebidas (5,0%), máquinas e equipamentos (3,5%), produtos de minerais não-metálicos (4,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,7%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (6,1%) e produtos diversos (8,0%).

Por outro lado, entre as nove atividades em retração, a principal influência negativa para a média global foi das indústrias extrativas (-9,9%), pressionada pelo item minérios de ferro, refletindo os efeitos do rompimento de uma barragem da Vale na região de Brumadinho, em Minas Gerais.

Outras perdas relevantes ocorreram em celulose, papel e produtos de papel (-3,0%), produtos de madeira (-7,5%), metalurgia (-1,6%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-3,1%).

Difusão

O índice de difusão – que mostra o porcentual de produtos com avanço na produção – aumentou de 41,4% em janeiro para 53,2% em fevereiro.