Economia

Aneel ratifica sugestão para que MME declare caducidade de concessões da Abengoa

Aneel ratifica sugestão para que MME declare caducidade de concessões da Abengoa Aneel ratifica sugestão para que MME declare caducidade de concessões da Abengoa Aneel ratifica sugestão para que MME declare caducidade de concessões da Abengoa Aneel ratifica sugestão para que MME declare caducidade de concessões da Abengoa

Brasília – A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ratificou a decisão tomada na semana passada, de recomendar ao Ministério de Minas e Energia (MME) que declare a caducidade de nove contratos de concessão de linhas de transmissão detidas pela Abengoa. A empresa de origem espanhola havia paralisado as obras após entrar em processo de recuperação judicial.

O advogado da Abengoa, Giovani Trindade Castanheira Menicucci, se pronunciou criticando o fato de o órgão regulador ter tomado a decisão em uma reunião extraordinária na última quinta-feira (27), um dia depois da queda de uma liminar que impedia a continuidade do processo administrativo conduzido pela Aneel. Para a empresa, a suspensão de liminar não analisou o mérito do processo, o que impediria a agência de ter tomado tal decisão.

“Isso mostra a fragilidade jurídica com a qual a agência entende ser possível embasar a condução do processo. Se houvesse respaldo jurídico, não agiria desta maneira”, alegou Menicucci. “A decisão da Aneel resultará na falência das transmissoras em recuperação judicial, pois esvazia o patrimônio da empresa. Nada mais poderá ser feito pelo juízo da recuperação”, argumentou o advogado.

Embora caiba à Aneel instruir o processo, é o MME quem tem o poder para cassar as concessões da empresa. A Abengoa está em recuperação judicial na Espanha desde novembro de 2015 e, no Brasil, desde janeiro de 2016. Antes de apresentar oficialmente esses pedidos, a companhia já estava com as obras dessas linhas de transmissão atrasadas.

“A Abengoa não apresentou dados sobre a possibilidade de recuperação econômica das concessões e a retomada das obras. A empresa não apresentou nenhum plano de recuperação e se concentrou apenas em questionar a forma da condução do processo”, respondeu o diretor da Aneel, José Jurhosa. que relatou o voto pela ratificação da decisão.

Os projetos das nove linhas de transmissão somavam R$ 7 bilhões em investimentos e 6 mil quilômetros. Ao vencer a disputa pelos projetos em leilão, a Abengoa se propôs a receber R$ 720 milhões como receita anual para operar os empreendimentos.

Um dos principais projetos da Abengoa era a linha pré-Belo Monte, que iria escoar energia da usina para toda a Região Nordeste, através da Bahia, com mais de mil quilômetros de extensão. A empresa só concluiu 35% desse projeto. A Aneel também acompanha a execução das obras das outras duas linhas de transmissão que vão escoar energia de Belo Monte para a Região Sudeste, a serem concluídas em fevereiro e dezembro de 2019.

“O caminho escolhido pela Abengoa na recuperação judicial não atende ao interesse público. A urgência existe e seria uma omissão se a Aneel não tomasse essa decisão”, reforçou o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino. “A agência tem sido intransigente no respeito aos contratos de concessão, e o mesmo se espera dos agentes. A lei é clara sobre a caducidade dos contratos”, completou.

Após a declaração de caducidade pelo governo, a Abengoa terá suas garantias executadas. O valor executado será de R$ 350 milhões. O Ministério de Minas e Energia poderá decretar a inidoneidade da empresa e a Aneel poderá impedir a companhia de participar de seus leilões.

A empresa pode ficar proibida de firmar contratos com a administração pública por até dois anos. A União também pode entrar na Justiça e buscar reparação dos prejuízos causados pela Abengoa ao consumidor e ao sistema elétrico.

A Abengoa tem outras sete linhas de transmissão em operação. Como elas estão prontas, não é possível declarar a caducidade da concessão.