Economia

ANP altera blocos da 13ª Rodada que avançavam sobre terras indígenas no Maranhão

No último dia 30 de setembro, a Funai encaminhou ofício à ANP pedindo a redefinição dos limites dos blocos ofertados, resguardando uma distância mínima de 20 km entre as terras indígenas

ANP altera blocos da 13ª Rodada que avançavam sobre terras indígenas no Maranhão ANP altera blocos da 13ª Rodada que avançavam sobre terras indígenas no Maranhão ANP altera blocos da 13ª Rodada que avançavam sobre terras indígenas no Maranhão ANP altera blocos da 13ª Rodada que avançavam sobre terras indígenas no Maranhão
ANP altera blocos da 13ª Rodada que avançavam sobre terras indígenas no Maranhão
A decisão atende a pedido da Funai, que identificou sobreposição e incidências dos blocos sobre territórios ocupados por populações indígenas isoladas  Foto: ​Divulgação

Rio – A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) decidiu alterar a delimitação de três blocos da Bacia do Parnaíba, no Maranhão, que serão ofertados na 13ª Rodada de concessões de áreas de exploração de petróleo e gás natural, marcada para a próxima quarta-feira. A decisão, publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, atende a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai), que identificou sobreposição e incidências dos blocos sobre territórios ocupados por populações indígenas isoladas e em “situação de alta vulnerabilidade física e cultural”.

No último dia 30 de setembro, a Funai encaminhou ofício à ANP pedindo a redefinição dos limites dos blocos ofertados, resguardando uma distância mínima de 20 km entre as terras indígenas. O ofício também sinaliza que a Fundação havia solicitado a exclusão de oito blocos da Bacia do Parnaíba da 13ª Rodada. A solicitação teria ocorrido em reunião com técnicos da ANP, na própria Funai. O documento não explica a posição da agência reguladora sobre isso, mas reforça o pedido da Fundação pela revisão das áreas concedidas após análise da localização dos blocos e identificação de “provável incidência” em terras indígenas.

De acordo com o ofício, dois blocos seriam limítrofes a “áreas de ocupação tradicional de índios isolados e terra indígena ocupada por grupo Awá Guajá de recente contato”. As áreas PN-T-46 e PN-T- 65 avançariam sobre os limites de duas Terras Indígenas (TI), denominação legal para áreas da União habitadas por comunidades tradicionais e necessárias à preservação de suas atividades produtivas e culturais. As áreas atingidas são chamadas de Araribóia e Cairu. O terceiro bloco, PN-T-98, abrangeria a TI Governador, atualmente “em fase avançada de estudos de identificação e delimitação”.

Segundo a ANP, foram feitas “adequações das áreas dos blocos PN-T-46, PN-T-65 e PN-T-98”. A agência justifica que as mudanças “por motivos técnicos” são previstas na legislação que regulamenta a oferta de concessões, e também no edital da 13ª Rodada, publicado em agosto. Os blocos revisados integram o setor SPN-N, da Bacia do Parnaíba, localizados no interior do Maranhão. A revisão dos limites dos blocos extraiu cerca de três mil quilômetros quadrados das áreas sob concessão.

Pelas determinações da agência, a previsão era de um período exploratório de seis anos e uma taxa de inscrição de R$ 65 mil para as empresas interessadas em apresentar lances para as áreas. A nova versão do edital indica que o bloco PN-T-46 passará a ter 2.045 quilômetros quadrados, ante uma área anterior de 2.973 quilômetros. A oferta mínima para a área era de R$ 657 mil. Já o bloco PN-T-65 terá uma extensão de 1.917 quilômetros quadrados, ante a anterior de 2.907 quilômetros quadrados. O bônus mínimo para essa área era de R$ 643 mil.

O terceiro bloco revisto, PN-T-98, terá 2.133 quilômetros quadrados, ante uma previsão inicial de 3.026 quilômetros quadrados. A área tinha o maior bônus mínimo de assinatura entre as três revisadas, cerca de R$ 674 mil. Ela já havia sido incluída na 11ª Rodada de licitações, realizada em 2013, mas não foi arrematada. O bloco é contíguo à PN-T-114, arrematado pela OGX por R$ 6 milhões. Entretanto, a empresa de Eike Batista já estava em crise financeira e devolveu os blocos à ANP cerca de três meses após o leilão.