Economia

Após apoiarem reforma do IR, prefeitos acusam Câmara de descumprir acordo

Após apoiarem reforma do IR, prefeitos acusam Câmara de descumprir acordo Após apoiarem reforma do IR, prefeitos acusam Câmara de descumprir acordo Após apoiarem reforma do IR, prefeitos acusam Câmara de descumprir acordo Após apoiarem reforma do IR, prefeitos acusam Câmara de descumprir acordo

Após declarar apoio à reforma do Imposto de Renda mediante um acordo para beneficiar prefeituras com outras medidas, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) manifestou “insatisfação e perplexidade” com o desfecho da votação e anunciou que trabalhará por mudanças no texto no Senado Federal. Segundo a entidade, a versão final da proposta contrariou o acerto realizado com a CNM e desaguou numa perda de R$ 9,3 bilhões para os municípios.

Em comunicado assinado pelo presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, a entidade afirma que duas mudanças “de última hora” não estavam no acordo e amplificaram as perdas para as prefeituras.

Uma delas foi a manutenção da possibilidade de contribuintes que ganham mais de R$ 40 mil anuais recorrerem ao desconto simplificado na declaração do IRPF. A segunda foi a redução da alíquota sobre lucros e dividendos, de 20% para 15%.

“Com essas e outras concessões anteriormente feitas pelo relator para atender a grupos de interesse, a perda do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), inicialmente projetada para não ultrapassar R$ 1 bilhão, cresceu para R$ 5,6 bilhões”, disse a entidade.

O texto cita o relator do IR, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), como fiadores do acordo descumprido.

Enquanto capitais e Estados criticavam a proposta de mudança no IR, a CNM chegou a declarar apoio ao projeto após costurar um acordo que previa a aprovação de emendas constitucionais para repor as perdas do FPM e até mudar a forma de correção do piso do magistério – medida que acabou não avançando.

Nos últimos dias, também entrou na negociação uma PEC que abre um parcelamento de dívidas previdenciárias de prefeituras e pode dar um alívio de R$ 31 bilhões, como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

“Há duas semanas, finalmente chegamos a um acordo para limitar a perda do FPM a no máximo R$ 1 bilhão. Para nossa surpresa, esse acordo foi rasgado unilateralmente pelas lideranças da Câmara, em uma negociação que envolveu governo, PT e demais partidos de oposição, e que privilegiou o interesse das agremiações políticas e dos grandes grupos econômicos, em detrimento dos municípios e da imensa maioria da população brasileira”, diz Ziulkoski.

Para o presidente da CNM, o resultado demonstra que o discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, de mais Brasil e menos Brasília “parece ser mera retórica”, uma vez que municípios terão perdas significativas, enquanto a União terá prejuízos compensados por revisão de benefícios fiscais de PIS/Cofins – que não são repartidos com governos regionais.

“Mais uma vez vemos as autoridades federais fazendo bondade com chapéu alheio, bondade destinada a agradar grandes empresários e banqueiros, como vimos na aprovação do destaque que reduziu a alíquota sobre dividendos de 20% para 15% e retirou R$ 3 bilhões do FPM”, afirma a entidade.

Com o descumprimento do acordo, a CNM avisou que vai atuar para reverter as perdas no Senado Federal.