Economia

Após crise, financiamento de veículos volta ao radar dos grandes bancos

Após crise, financiamento de veículos volta ao radar dos grandes bancos Após crise, financiamento de veículos volta ao radar dos grandes bancos Após crise, financiamento de veículos volta ao radar dos grandes bancos Após crise, financiamento de veículos volta ao radar dos grandes bancos

São Paulo – Passado o gosto amargo deixado pelos calotes nos financiamentos sem entrada e em até 90 vezes, os grandes bancos começam a mostrar disposição para aumentar a oferta de crédito para compra de veículos em meio à retomada do setor, um dos mais afetados pela crise. Bradesco e Banco do Brasil voltaram a registrar aumento trimestral no financiamento de veículos, enquanto o Itaú Unibanco já está mais próximo de inverter a trajetória de queda.

A virada ocorre a reboque da retomada das vendas de carros novos, associada ao bom desempenho do mercado de usados, que aliviou as perdas do setor durante a crise. Contribui ainda a melhora de condições macroeconômicas, como a queda dos juros, os baixos níveis de inflação e a redução do desemprego.

A venda de veículos novos começou a cair em 2013, por causa de uma restrição do crédito por parte dos bancos, que à época registravam aumento na taxas de inadimplência. A recessão iniciada em 2015 só piorou a situação. Como consequência, de 2013 a 2016, as vendas encolheram 46%. Agora, com uma alta de 9% no acumulado de janeiro a outubro de 2017, o mercado tem se recuperado. Primeiro em função de uma demanda reprimida e, nos últimos três meses, com o apoio do crédito.

Com quase R$ 20 bilhões de saldo, a carteira de crédito para veículos do Bradesco apresentou alta de 2% em setembro ante junho, embora esteja ainda em queda no comparativo anual. “Foi o primeiro crescimento (da carteira de crédito a veículos) em muito tempo. Há algum significado. Essa carteira veio sendo ajustada à nova realidade do mercado e o tamanho da nossa produção já permite algum crescimento no crédito a veículos”, disse o diretor de relações com o mercado do Bradesco, Carlos Firetti, em recente conversa com a imprensa. O banco voltou a divulgar o resultado de crédito para veículos neste ano e, por isso, prefere não fazer comparações mais longas.

No Itaú Unibanco, o ponto de inversão ainda não ocorreu, mas já está mais próximo. No terceiro trimestre, a carteira seguiu em baixa ao encolher 1,7% ante o período encerrado em junho, mas em ritmo menor que o visto nos anteriores. Atualmente, o crédito a veículos representa apenas 7,8% da carteira do Itaú, com pouco mais de R$ 16 bilhões. Turbinado pelos empréstimos sem entrada e com parcelamento extenso, chegou a responder por metade do saldo dos empréstimos da instituição, com mais de R$ 60 bilhões em concessões.

De acordo com o presidente do Itaú, Candido Bracher, o banco espera que sua carteira de crédito para veículos volte a crescer. “O que vai ditar ritmo é a demanda”, reforçou o executivo, em teleconferência com a imprensa, para comentar os resultados do banco.

No caso do Banco do Brasil, a carteira de veículos do terceiro trimestre, embora tenha caído 14,9% em relação a igual período de 2016, teve expansão de 4,6% na comparação com o segundo trimestre deste ano.

Ranking. Com a redução de apetite dos players principais, o ranking dos grandes bancos em veículos mudou completamente no Brasil. A liderança do setor, antes nas mãos do Itaú, passou para o Santander Brasil, que encerrou setembro com mais de R$ 34 bilhões emprestados nesta linha, volume 5,4% maior em relação a junho e 16% em um ano. O banco, porém, já começa a sentir o acirramento da concorrência, de acordo com o superintendente da Santander Financiamentos, Gustavo de Sousa Santos.

Segundo ele, todo o mercado, incluindo os próprios lojistas e consumidores, aprendeu com a crise de 2010, dos empréstimos sem entrada e a perder de vista. “Os lojistas aprenderam que se vendessem nas condições do passado poderiam secar a fonte de recursos. Os bancos também, uma vez que a garantia já saía depreciada e para os clientes o custo financeiro por tanto tempo não valia a pena”, avaliou Santos.

A retomada tem sido mais conservadora. A média praticada hoje no mercado, conforme o superintendente do Santander, é de exigência de 30% do valor de carro de entrada e prazo máximo de 36 meses. No passado, era de 15% e 48 vezes, respectivamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.