Economia

Após STJ manter Batistas na prisão, advogados farão 'ofensiva' no Supremo

Após STJ manter Batistas na prisão, advogados farão ‘ofensiva’ no Supremo Após STJ manter Batistas na prisão, advogados farão ‘ofensiva’ no Supremo Após STJ manter Batistas na prisão, advogados farão ‘ofensiva’ no Supremo Após STJ manter Batistas na prisão, advogados farão ‘ofensiva’ no Supremo

São Paulo – A defesa dos irmãos Wesley e Joesley Batista planeja uma ofensiva no Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de reverter a prisão preventiva dos dois empresários. Ao menos três recursos estão sendo preparados e chegarão à corte até a próxima segunda-feira. A prisão dos bilionários lançou incerteza sobre o acordo de leniência da J&F e obrigou a família Batista a fazer uma rápida sucessão na companhia de alimentos JBS, que era comandada por Wesley havia anos.

Os recursos ao STF serão feitos após o pedido de liberdade ter sido negado na quinta-feira pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O relator, ministro Sebastião Reis Júnior, foi favorável ao pedido da defesa. Mas, por 4 votos a 1, a 6.ª Turma decidiu não analisar o habeas corpus, mantendo os irmãos na cadeia. A defesa já havia pedido reversão das prisões ao Tribunal Regional Federal da 3.ª Região, sem sucesso.

Joesley e Wesley são acusados de lucrar indevidamente no mercado de ações e de câmbio, usando informação privilegiada.

A defesa ingressará com habeas corpus contra a decisão do STJ e com uma reclamação contra o juiz de primeiro grau de São Paulo, que autorizou as duas prisões preventivas. O argumento, neste último caso, é que o magistrado usurpou a competência do Supremo ao considerar que o acordo de delação dos Batistas não estava mais em vigor.

Para Ticiano Figueiredo, do time defesa dos irmãos, a decisão indica que vale mais a pena hoje no País abrir mão da ampla defesa do que enfrentar o processo legal. “Bastava Joesley e Wesley confessarem um crime que não cometeram que, em uma sentença condenatória, teriam direito a uma pena menos grave”, diz. “Se há exemplo de decisão esdrúxula que merece ser revertida é aquela que prende alguém preventivamente por um crime que jamais cometeu. E, mesmo que tivessem cometido, seriam punidos no máximo com prestação de serviços comunitários.”

O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que também integra a defesa, afirmou que o sentimento entre os familiares de Joesley e Wesley é de “perplexidade”. “É muito difícil este momento punitivo em que o Poder Judiciário limita cada vez mais o habeas corpus. O Judiciário está realmente assoberbado, mas não podemos admitir a diminuição da força desse instrumento para liberdade”, disse.

Os advogados planejam ingressar ainda com um agravo contra a decisão do ministro Edson Fachin, do STF, que autorizou a prisão de Joesley e do lobista Ricardo Saud, outro delator da JBS. Eles são acusados de omitir informações de sua delação.

Indiciados

Além de o STJ ter mantido a prisão dos empresários, a Polícia Federal indiciou ontem os irmãos por manipulação de mercado e uso de informação privilegiada.

Para os investigadores, por saberem que a notícia de sua delação premiada causaria forte abalo nos mercados, os Batistas se posicionaram para lucrar: desfizeram-se de parte das ações que possuíam da JBS e compraram contratos de dólar no mercado futuro, apostando na alta da moeda americana. Joesley e Wesley negam que tenham feito as operações com a intenção de lucrar indevidamente.

Enquanto os irmãos seguem presos, a família Batista e a administração da J&F tentam tocar o plano de reestruturação do conglomerado. Há expectativa que os acordos para a venda da fatia do grupo na Vigor (de lácteos) e na Eldorado (de celulose) ocorram nos próximos dias.

A Eldorado informou na quinta que concluiu sua adesão ao acordo de leniência da J&F, o que deve auxiliar o fechamento das tratativas de sua venda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.