As mulheres investem melhor que os homens

Thalita Fagundes dos Santos – Assessora de Investimentos e contadora

Existe uma crença antiga, enraizada em muitos discursos sobre o mercado financeiro, de que os homens naturalmente dominam esse território. Porém, na prática do meu dia a dia como assessora de investimentos, essa narrativa cai por terra. Nesse sentido, o que tenho visto, e que as estatísticas começam a confirmar com mais clareza, é que as mulheres investem melhor.

Acompanhando de perto o comportamento de diversos perfis de clientes, percebo que as mulheres são mais prudentes nas escolhas. Além disso, olham para o longo prazo com mais disciplina e, talvez por acumularem tantas responsabilidades ao longo da vida, aprenderam a planejar com mais consciência. Enquanto muitos homens buscam resultados rápidos e, por vezes, caem na armadilha da autoconfiança excessiva, as mulheres tendem a pesquisar mais, ouvir, ponderar bem como decidir com estratégia. Do mesmo modo, isso não significa ausência de ousadia, mas sim uma coragem mais calculada.

Segundo as pesquisas mais recentes, existem três características marcantes que explicam por que elas têm se destacado nos investimentos. A primeira é a aversão ao risco impulsivo. As mulheres são mais cautelosas, evitam movimentos apressados bem como preferem decisões embasadas. Nesse sentido, essa postura mais racional as protege de perdas causadas por emoções ou pela busca por ganhos fáceis.

A segunda é a constância. Ou seja, elas são mais disciplinadas, seguem planos com firmeza e resistem melhor às oscilações do mercado, mantendo a paciência e a regularidade que são fundamentais para o sucesso financeiro.

A terceira é a busca por informação qualificada. Mulheres estudam, perguntam, ouvem especialistas e não têm receio de admitir que querem aprender antes de tomar decisões importantes. Isso faz com que suas escolhas estejam, em geral, mais alinhadas com seus objetivos de vida.

Meu trabalho nasceu de um incômodo. Como mulher em um mercado ainda majoritariamente masculino, percebi o quanto era difícil encontrar um espaço onde eu pudesse ser ouvida de verdade. E entendi que muitas outras mulheres também sentiam isso, especialmente quando buscavam orientação financeira. Muitas chegavam até mim achando que não entendiam nada sobre dinheiro. Outras tinham receio de perguntar, com medo de serem julgadas. Meu papel foi, desde o início, criar um espaço seguro, de escuta, onde pudéssemos construir juntas a autonomia financeira que cada uma delas merece ter.

Isso não é apenas uma tendência, é uma realidade cada vez mais evidente. Dados apontam que as mulheres estão investindo mais e melhor, alcançando resultados superiores em diversas métricas de performance. Elas têm menos rotatividade na carteira, cometem menos erros por impulso, bem como seguem planos com mais consistência. Em um cenário onde o ruído é constante e as oportunidades surgem e desaparecem rapidamente, a paciência e o foco feminino se revelam verdadeiros diferenciais.

Se tem algo que aprendi nesse caminho como assessora é que investir bem não é sobre saber tudo, mas sobre estar disposta a aprender, a fazer perguntas, a traçar metas com clareza. E nisso, as mulheres têm se destacado. Meu propósito segue sendo esse: ajudar cada vez mais delas a se sentirem seguras e confiantes ao cuidar do seu patrimônio. Porque, sim, quando elas assumem esse papel, os resultados aparecem e são consistentes.

Thalita Fagundes dos Santos – Assessora de Investimentos e contadora