Economia

Aumento de tarifas de Trump acende alerta no ES e governador prega cautela

Após anúncio de Trump, Casagrande defendeu paciência e busca por novos mercados sobre aumento de 50% em tarifas de produtos que saem do Brasil para os Estados Unidos

Casagrande pontuou que é preciso negociar com o governo de Trump, mas que ES também deve buscar alternativas de médio e longo prazo. Crédito: Lucas Pisa
Casagrande pontuou que é preciso negociar com o governo de Trump, mas que ES também deve buscar alternativas de médio e longo prazo. Crédito: Lucas Pisa

O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que vai aplicar um aumento de 50% sobre tarifas de importação de produtos brasileiros caiu como uma bomba no setor produtivo capixaba. O Espírito Santo, que tem os EUA como principal destino das exportações estaduais – cerca de 29% do total -, vê com preocupação a medida, que pode afetar diretamente a economia regional.

“É o momento de contar até 10, manter a racionalidade e buscar o diálogo. A tarifa tem uma motivação ideológica, e isso é inaceitável”, afirmou o governador Renato Casagrande.

A decisão do presidente Trump atinge produtos estratégicos da pauta exportadora do Espírito Santo. São eles aço, café arábica, rochas ornamentais, celulose, carne, gengibre bem como pimenta-do-reino entre outros. Só os semimanufaturados de ferro e aço, por exemplo, representam mais de US$ 2 bilhões anuais em vendas para os Estados Unidos. Com a medida, concorrentes como Índia, China, Itália e Turquia ganham vantagem no mercado internacional, especialmente no setor de rochas.

Casagrande destacou que a retaliação americana tem cunho político, o que agrava ainda mais o cenário.

Pela primeira vez estamos vendo uma tarifa ideológica no comércio internacional. Isso fragiliza as relações diplomáticas e econômicas entre os países e ameaça a soberania brasileira.

Renato Casagrande, governador do Espírito Santo

Segundo ele, é necessário agir com firmeza, mas também com inteligência, para que a escalada não se transforme em uma guerra tarifária com efeitos ainda mais desastrosos.

A estimativa é de que, mantida a nova tarifa a partir de agosto, o Espírito Santo sofra com redução de exportações, adiamento de investimentos, perda de competitividade e alta do dólar. “Isso impacta diretamente no ânimo dos empreendedores capixabas e na arrecadação do Estado. Pode gerar desemprego e queda de receita”, avaliou o governador. O setor de petróleo, no qual o estado é o terceiro maior produtor do país, também pode ser afetado.

Diante do novo cenário, Casagrande propõe uma estratégia de médio e longo prazo para diversificar mercados. “O Espírito Santo, por meio do Investe-ES, já tem atuado nessa direção com foco em portos, logística e novos investimentos”, disse. Ele ressaltou, no entanto, que essas medidas não surtem efeito imediato e que é preciso atenção redobrada para as decisões que serão tomadas nas próximas semanas.

Crítica ao “jeito Trump”

O governador também criticou a forma como Donald Trump fez o anúncio, com menções políticas internas do Brasil. “É inédito que uma carta com alegações sobre o ex-presidente Bolsonaro sirva de base para impor tarifas comerciais. Isso quebra qualquer lógica de boa diplomacia internacional”, apontou Casagrande. Ele defendeu que o Brasil mantenha uma postura firme, mas ponderada.

Não se pode sacar uma tarifa daqui cada vez que se saca uma tarifa de lá. Isso não é duelo.

Renato Casagrande, governador do ES

Em conversa com empresários capixabas, Casagrande informou que já iniciou tratativas com o setor produtivo para mensurar os impactos da medida e sugerir alternativas ao governo federal. “Vamos acompanhar de perto, avaliar cenário por cenário e propor ações para minimizar os prejuízos. O setor produtivo é o primeiro a sentir e isso chega logo ao trabalhador, à renda e à arrecadação pública”, explicou.

Com a tarifa de 50% anunciada por Trump, o custo dos produtos brasileiros nos EUA sobe drasticamente. Do mesmo modo isso dificulta a concorrência e pode gerar uma queda nas exportações capixabas. Caso o governo federal não consiga reverter a decisão até o início de agosto, os efeitos serão sentidos rapidamente na economia estadual. “Esperamos que o bom senso prevaleça. Se houver espaço para diálogo, é por aí que devemos caminhar”, concluiu Casagrande.

Edu Kopernick

Editor de Economia

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve passagens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve passagens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.