Economia

Balanço da Petrobrás traz alívio ao mercado, mas dívida preocupa analistas

Balanço da Petrobrás traz alívio ao mercado, mas dívida preocupa analistas Balanço da Petrobrás traz alívio ao mercado, mas dívida preocupa analistas Balanço da Petrobrás traz alívio ao mercado, mas dívida preocupa analistas Balanço da Petrobrás traz alívio ao mercado, mas dívida preocupa analistas

São Paulo, Rio, Brasília e Nova York – Livre do peso do longo atraso na divulgação de dados financeiros auditados ao mercado, a Petrobras voltou a enfrentar as desconfianças de sempre. Durante a teleconferência realizada na quinta-feira, 23, pelos executivos da empresa para explicar os dados do balanço, os analistas financeiros concentraram suas perguntas no endividamento da estatal e na sua capacidade de aumentar a produção para fazer caixa.

Na Bolsa, a reação foi confusa, com forte oscilação das cotações. As ações ON (ordinárias, com direito a voto) subiram 5,63%, para R$ 14,06, refletindo o alívio com a divulgação do balanço. Já os papéis PN (preferenciais, sem direto a voto) caíram 1,52%, a R$ 12,92, afetados pelo anúncio de que, por causa do prejuízo, a estatal não pagará dividendos, a parte do lucro que cabe aos acionistas – os papéis PN têm preferência na hora de receber os pagamentos.

“A divulgação do balanço da Petrobras sem dúvida alivia a situação, porque elimina o risco de uma aceleração no pagamento das dívidas da companhia”, afirmou Caio Toledo, analista da XP Investimentos. Em linhas gerais, o prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014, o primeiro resultado negativo anual desde 1991, causado por perdas de R$ 6,194 bilhões com gastos relacionados à corrupção e de outros R$ 44,636 bilhões com a revisão no valor dos ativos, não assustou investidores. A publicação do balanço, após cinco meses de adiamentos, e uma definição sobre o quanto registrar de perdas foram considerados “um alívio”.

A agência de rating Standard & Poor’s (S&P) disse que a nota da Petrobras não é afetada pelo balanço. Apesar de reconhecer que as baixas contábeis não afetam as métricas da companhia, a agência disse que a perspectiva negativa para a nota reflete incertezas sobre a capacidade de aumentar a produção.

Já Nymia Cortes de Almeida, vice-presidente e analista sênior da agência Moody’s (que em fevereiro retirou o “grau de investimento” da Petrobras), afirmou, em e-mail, que a publicação do balanço é um “desenvolvimento positivo”, mas que a nota continua em revisão.

Os analistas do banco Credit Suisse André Sobreira e Vinicius Canheu escreveram que os valores retirados como perdas do balanço “parecem grandes o suficiente para ter credibilidade”, mas investimentos estimados de US$ 29 bilhões neste ano e de US$ 25 bilhões em 2016 não foram reduzidos na medida necessária diante de uma previsão de geração de caixa de US$ 23 bilhões este ano.

Dívidas

Com dificuldade de gerar caixa e diante de um ambicioso plano de investimentos no pré-sal, a Petrobras se endividou demais. A dívida líquida soma R$ 282 bilhões e subiu 27% em 2014 em relação a 2013. Ela representa 48% do patrimônio da companhia, muito acima do limite de 35% estabelecido pela própria empresa.

Por isso, investidores esperam que a Petrobras venda ativos e reduza investimentos. “Esperamos que os investidores foquem nos impactos da revisão do plano de negócios e na geração de caixa dos próximos dois anos”, escreveu o analista do Citibank Pedro Medeiros, em relatório.

Em teleconferência, a diretoria da Petrobras reforçou a estratégia de analisar a venda de ativos exploratórios, com o objetivo de compartilhar riscos e reduzir investimentos. Segundo a diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, a estatal olha “com atenção” as oportunidades. “Olhamos com atenção ativos onde nós podemos compartilhar riscos”, disse.

Ao comentar os resultados na quarta-feira, 22, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, prometeu para daqui a aproximadamente 30 dias a apresentação do novo plano de negócios para os próximos cinco anos. O plano de negócios 2014-2018, apresentado em fevereiro de 2014, prevê investimentos de US$ 220,6 bilhões. A expectativa de analistas é de que a nova versão venha menor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.