Economia

BC ajuda na retomada da confiança via controle da inflação, diz Ilan

Para Ilan Goldfajn, o processo de desinflação é corroborado pelas perspectivas declinantes das projeções da inflação feitas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e também do mercado

BC ajuda na retomada da confiança via controle da inflação, diz Ilan BC ajuda na retomada da confiança via controle da inflação, diz Ilan BC ajuda na retomada da confiança via controle da inflação, diz Ilan BC ajuda na retomada da confiança via controle da inflação, diz Ilan
O presidente do BC também repetiu a avaliação de que o mundo passa por um “interregno benigno para as economias emergentes” Foto: Divulgação

Brasília – O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reafirmou nesta terça-feira, 4, que a instituição ajuda na retomada da confiança ao perseguir a missão de colocar a inflação na meta. Em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, Goldfajn defendeu a inflação mais baixa ajuda empresas e famílias.

“O BC faz parte da solução. A inflação mais alta não contribuirá para recuperação”, disse Ilan Goldfajn, ao citar que o papel do BC é controlar os índices de preço. Para o presidente do BC, a inflação mais baixa é condição para a retomada da confiança ao preservar o poder de compra das famílias e empresas, além de alongar horizontes de planejamento.

O presidente da autoridade monetária reafirmou que há processo de desinflação em curso atualmente na economia brasileira. Apesar disso, ressaltou que há incertezas sobre o processo e a evolução dos números. “A evolução dos preços evidencia o processo de desinflação em curso e a perspectiva é de continuidade nos próximos trimestres”, disse.

Para Ilan Goldfajn, o processo de desinflação é corroborado pelas perspectivas declinantes das projeções da inflação feitas pelo Comitê de Política Monetária (Copom) e também do mercado.

Apesar de apontar para essa trajetória, Ilan Goldfajn repetiu a avaliação de que “a velocidade de desinflação permanece incerta”. “Reafirmo o firme compromisso do Copom com todo o horizonte relevante da política monetária com os anos que já contam com metas, inclusive 2017”, disse.

‘Interregno benigno’

O presidente do Banco Central também repetiu na CAE do Senado a avaliação de que o mundo passa por um “interregno benigno para as economias emergentes”. Segundo ele, o ritmo de crescimento da economia global ainda não é forte o suficiente para a retirada de estímulos nas economias centrais.

Afirmou, no entanto, que “não é provável que o ambiente favorável dure muito tempo”. Para o presidente do BC, o crescimento das economias avançadas ganhará ampliação e, com isso, permitirá a normalização das condições monetárias nas economias avançadas, o que deve, em consequência, pôr fim à “fuga do juro zero” e à busca das taxas mais elevadas das economias emergentes. Neste cenário, conforme Goldfajn, “não se deve ignorar a possibilidade de surtos de volatilidade à frente”.

O presidente do Banco Central afirmou ainda que as economias emergentes devem aproveitar as oportunidades trazidas pelo interregno benigno do exterior. “O setor externo tem contribuído, mas deve passar a contribuir com ímpeto menor”, alertou.

Ao avaliar o cenário doméstico em sua fala inicial, Goldfajn afirmou que a economia brasileira dá sinais de estabilização após seis trimestres consecutivos de decréscimo. Ele destacou ainda – como vem fazendo o BC em suas comunicações mais recentes – que a disposição para investir e para consumir depende da retomada da confiança dos agentes. “Considero a retomada da confiança um elemento crucial”, disse Goldfajn.

Segundo ele, também é fundamental perseverar nos ajustes da economia. “Ajustes e reformas voltados para a área fiscal são importantes para resgatar confiança dos agentes”, afirmou. “São também necessárias reformas que aumentem produtividade”, acrescentou o presidente do BC. “Precisamos avançar em agenda para reforçar a produtividade no longo prazo.”

Em sua exposição, Goldfajn também defendeu o reforço do tripé macroeconômico no Brasil e a criação de condições para o crescimento do País em bases sustentáveis.

Swaps

O presidente do Banco Central comentou ainda que a instituição usará “com parcimônia e de forma previsível as ferramentas cambiais que existem”. Nesse tema, citou que o espaço para a redução dos contratos de swap cambial parece diminuir à medida que se aproxima novo momento de ajuste da política monetária nos Estados Unidos.

“Todavia e nas condições atuais tem diminuído (o espaço) em função da proximidade na normalidade das condições monetária nos EUA”, disse Ilan Goldfajn.

Pressão sobre o Congresso

A presidente da CAE do Senado, Gleisi Hoffmann, fez comentários sobre o atual estado da economia brasileira e sobre a atuação mais recente do Banco Central. A fala de Gleisi ocorreu após a apresentação de 30 minutos do presidente do BC. Sentada ao lado de Goldfajn, Glesi afirmou que o Congresso não pode ser pressionado a aprovar as medidas fiscais propostas pelo atual governo.

“Há uma ameaça ao Congresso: ou aprovamos as reformas, ou conviveremos com juros altos. Mas o que levou à crise não foi o aumento de gastos. O aumento recente da inflação não tem a ver com política fiscal, nem com demanda de famílias”, afirmou Gleisi, antes de abrir a audiência para perguntas dos demais senadores participantes. “Aumento de juros não leva a controle da inflação. Juros altos concentra renda”, acrescentou.

Gleisi criticou ainda o montante de pagamento de juros da dívida do País e o impacto, também sobre a dívida pública, da política monetária do BC e da posição da instituição em swaps cambiais. A senadora destacou ainda o custo das reservas internacionais, em função dos juros altos (diferencial de juros entre o Brasil e o exterior) e acusou o BC de tentar controlar a inflação por meio do câmbio.

De acordo com Gleisi, a queda real do PIB, a Selic elevada, o câmbio e a posição do BC em swaps explicam, “quase que integralmente, a trajetória explosiva da dívida”. “O peso do déficit primário é quase irrelevante”, defendeu.