Economia

Natureza da crise implica que pressão desinflacionária pode ter duração maior

Na semana passada, o colegiado cortou a Selic em 0,25 ponto porcentual, de 2,25% para 2,00% ao ano

Natureza da crise implica que pressão desinflacionária pode ter duração maior Natureza da crise implica que pressão desinflacionária pode ter duração maior Natureza da crise implica que pressão desinflacionária pode ter duração maior Natureza da crise implica que pressão desinflacionária pode ter duração maior
Foto: Reprodução

O Banco Central (BC) afirmou nesta terça-feira, 11, por meio da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que o colegiado acredita que queda na demanda decorrente da crise da pandemia de covid-19 provavelmente terá pressões desinflacionárias com duração maior do que o verificado em recessões anteriores. Na semana passada, o colegiado cortou a Selic em 0,25 ponto porcentual, de 2,25% para 2,00% ao ano.

“A pandemia deve continuar a ter efeitos heterogêneos sobre os setores econômicos. Dada a natureza do choque, o setor de serviços deve continuar a apresentar maior ociosidade que os demais”, destacou o documento. “Várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas”, completou o BC.

Ainda assim, o Copom avaliou que os dados recentes sobre a atividade doméstica sugerem uma recuperação parcial da economia.

O BC destacou a importância dos programas do governo – como o auxílio emergencial e outras medidas de crédito – para uma retomada “relativamente forte” do consumo de bens duráveis e do investimento.

Assim como no comunicado da decisão na semana passada, o colegiado lembrou que a necessária redução dos auxílios do governo no fim deste ano aumenta a incerteza sobre a velocidade de recuperação da economia. A própria imprevisibilidade sobre a evolução da pandemia adiciona incerteza a esse cenário. Os fatores combinados, segundo o BC, “podem implicar um cenário doméstico caracterizado por uma retomada ainda mais gradual da economia”.

Projeções

A ata do último encontro do Copom indicou que a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2020 no cenário híbrido com Selic variável e câmbio fixo está em 1,9%. Já a projeção para 2021 está em 3,0% e a projeção para 2022 é de 3,4%. As estimativas já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom reduziu a Selic.

Para o cálculo, o BC utilizou taxa de câmbio constante em 5,20% e a Selic com trajetória conforme projeções da pesquisa Focus.

Na ata da reunião anterior, de 16 e 17 de junho, as projeções neste cenário híbrido eram de inflação de 2,0% para 2020 e 3,2% para 2021. Já o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho trazia projeção de 3,5% para 2022.

Assim como no documento da reunião anterior, a ata do Copom não trouxe nesta terça as projeções do BC para a inflação no cenário de mercado, que considera as trajetórias de câmbio e juros da pesquisa Focus.

Preços administrados

O Banco Central alterou sua projeção para a alta dos preços administrados em 2020, conforme a ata do último encontro do Copom. O índice calculado foi de 1,3% para 1,6% no cenário híbrido, que utiliza câmbio constante e Selic do relatório Focus.

No caso de 2021, o porcentual passou de 3,8% para 3,4%. As estimativas anteriores constavam na ata da reunião anterior, de 16 e 17 de junho.

No documento desta terça, o BC também divulgou a projeção de alta de 3,9% nos preços administrados em 2022, pelo cenário híbrido.

No cenário de referência, que utiliza câmbio constante a R$ 5,20 e Selic fixa a 2,25% ao ano, a projeção para a alta dos preços administrados em 2020 também passou de 1,3% para 1,6%. No caso de 2021, foi de 3,8% para 3,4%. No caso de 2022, a projeção no cenário de referência é de alta de 3,9%.

As projeções para os preços administrados ajudaram a formar a base para que o colegiado cortasse na semana passada a Selic (a taxa básica de juros) de 2,25% para 2,00% ao ano. Foi o nono corte consecutivo na taxa.