Economia

BCE deixa perspectiva de aumento nos juros ainda mais distantes, dizem analistas

BCE deixa perspectiva de aumento nos juros ainda mais distantes, dizem analistas BCE deixa perspectiva de aumento nos juros ainda mais distantes, dizem analistas BCE deixa perspectiva de aumento nos juros ainda mais distantes, dizem analistas BCE deixa perspectiva de aumento nos juros ainda mais distantes, dizem analistas

São Paulo – A decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) divulgada nesta quinta-feira deixa a perspectiva de aumentos nas taxas de juros ainda mais distantes na visão de analistas. Na reunião encerrada hoje, o BCE decidiu manter suas taxas de juros inalteradas, mas retirou a menção à possibilidade de uma redução ainda maior em caso de necessidade, dizendo apenas que eles devem continuar “nos níveis presentes por um período prolongado”. Apesar disso, a instituição reduziu suas projeções de inflação para este ano e para 2018.

“Por um lado, o BCE descreveu os riscos econômicos como equilibrados pela primeira vez em um bom tempo. Por outro, uma inflação teimosa e baixa significa que a instituição ainda vê a necessidade de uma política monetária muito frouxa”, comenta Joerg Kraemer, economista-chefe do Commerzbank. Para o banco alemão, o BCE provavelmente não aumentará as taxas de juros rapidamente, mesmo após o fim do programa de compra de bônus. “Infelizmente, o retorno a uma política monetária normal deve se arrastar dolorosamente”, afirma. O Commerzbank também diz esperar um anúncio do BCE em setembro de que as compras de bônus devem diminuir gradualmente a partir de janeiro e chegar ao fim no próximo ano.

Para o Goldman Sachs, a reunião de hoje do BCE conteve “pouco material surpresa” em relação às expectativas do banco americano antes do encontro. “Draghi manteve o tom dovish na coletiva de imprensa, ao enfatizar a perspectiva ainda moderada da dinâmica subjacente na zona do euro”, comentou o Goldman.

Jennifer McKeown, economista-chefe para Europa da Capital Economics, vai na mesma direção ao afirmar que o Conselho do BCE “ainda está longe de se convencer de que um crescimento econômico saudável se traduz em um aumento sustentado da inflação para a meta de quase 2%”. A consultoria enfatiza os comentários feitos pelo presidente do banco, Mario Draghi, ao afirmar que as recentes flutuações da inflação refletiram fatores temporários, incluindo os preços do petróleo e os efeitos alimentares. “Por conseguinte, é provável que o BCE aja com muita cautela, mesmo que a economia continue a operar bem. Assim, as compras de bônus deste ano devem ser feitas conforme o planejado, antes de chegarem ao fim, provavelmente no primeiro semestre do próximo ano”, diz a Capital Economics, que acredita que o futuro aumento nos juros venha somente no início de 2019.

Em relatório a clientes, a Pantheon Macroeconomics diz acreditar que “a ideia de que a instituição poderia subir a taxa de depósito no início do ano que vem ou anunciar uma redução do ritmo de compra de ativos parece bastante distante após os comentários de hoje”. Já o banco Nordea comenta que a coletiva de Draghi, após a divulgação da decisão, “evitou dar qualquer sinalização mais forte sobre possíveis mudanças em sua postura”, o que continua a favorecer a expectativa de mudanças “bastante graduais” para o BCE.

Para o banco suíço Julius Baer, a instituição deverá continuar atuando com bastante cautela, com as taxas de juros permanecendo inalteradas e o volume de compra de ativos permanecendo o mesmo, assim como as orientações sobre o caminho futuro da política monetária sendo alteradas “apenas em doses homeopáticas”. O Julius Baer ressalta que a apreciação do euro pressiona as previsões sobre a inflação, resultando nas revisões para baixo da inflação neste e no próximo ano. “Vemos algum potencial de queda em relação ao euro, com as recentes tomadas de posições e as mensagem extremamente dovish do BCE, apesar do sólido cenário econômico.”

Já o Danske Bank diz ainda esperar que o programa de relaxamento quantitativo (quantitative easing, ou QE, na sigla em inglês) do BCE continue no próximo ano, mas que as compras de ativos sejam reduzidas para US$ 40 bilhões por mês a partir de janeiro de 2018, sendo mantidas por pelo menos seis meses. “Em nossa opinião, ainda é prematuro discutir as subidas de taxas de juros”, comentou o banco dinamarquês, em relatório a clientes.