Economia

BID contrata estudo sobre integração energética

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Rio de Janeiro – O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) contratou a consultoria italiana Cesi para desenvolver um estudo de integração energética entre a Guiana, a Guiana Francesa, o Suriname e o Brasil. O objetivo do estudo é atestar a viabilidade da integração entre os quatro países e permitir o aproveitamento do potencial energético inexplorado das Guianas, que gira em torno de 5 mil MW a 6 mil MW. “Esse estudo teve início em janeiro deste ano e tem prazo de 18 meses”, afirmou o diretor da Cesi Brasil, Paulo Cesar Vaz.

O Cesi foi contratado depois de uma concorrência internacional promovida pelo BID. Agora, a consultoria irá se concentrar nos aspectos técnicos, comerciais e regulatórios da integração dos países. O resultado do estudo será apresentado aos respectivos governos. “Os ‘clientes’ desses países são as empresas do governo. No Brasil, o beneficiário (desse estudo) é o Grupo Eletrobras, que terá a missão de apresentar o trabalho às autoridades competentes para darem os próximos passos visando a sua implementação”, explicou o executivo.

A integração energética entre os quatro países sul americanos pode gerar benefícios para todos. Para as Guianas, a vantagem seria o acesso a um mercado de grande porte, capaz de justificar o investimento na construção de novas hidrelétricas. Para o Brasil, a produção de energia nas Guianas seria complementar à geração das usinas brasileiras. Embora isso ainda precise ser confirmado, Cesar Vaz argumentou que os regimes hidrológicos brasileiro e venezuelano, país vizinho das Guianas, são complementares – ou seja, quando é período seco em um país, é úmido no outro, permitindo a exportação de energia.

“Isso faz parte do estudo. Brasil e Venezuela, que está mais ou menos na mesma região geográfica, isso existe. Talvez haja essa complementaridade entre as Guianas”, comentou. Como o estudo ainda está no seu começo, a Cesi ainda não tem um valor total de investimento para viabilizar a integração energética entre os países. No entanto, a previsão é de que só o sistema de transmissão para o intercâmbio de energia demandaria aportes de até US$ 3 bilhões.

BNDES

Um fator que pode levar essa iniciativa a sair do papel é que o BID, além de patrocinar o estudo, também disponibilizaria linhas de crédito para viabilizar os investimentos. “O BID é a instituição que fomenta o desenvolvimento na América Latina e, por isso, tem linhas de crédito para promover isso. Haveria linhas de crédito para beneficiar as Guianas e o Brasil, se for o caso”, afirmou o executivo, citando o fato de que o Brasil tem o seu próprio banco de fomento, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Além das questões técnicas, o executivo ressaltou a necessidade de se avaliar como se daria a relação institucional entre os países. Nesse momento do estudo, Cesar Vaz afirmou que ainda cedo para dizer se o caminho a ser adotado seria um tratado internacional ou um acordo mais simples. “Isso depende muito da complexidade e da dimensão dos projetos”, disse. O executivo lembrou que o Brasil já desenvolveu projetos de integração com os seus países vizinhos seguindo esses dois modelos distintos.

“Com o Paraguai, foi firmado um tratado assinado em corte internacional, o que é algo de uma magnitude muito importante. Mas na interligação com a Argentina e com o Uruguai, não houve isso”, justificou. Se todas as fases da iniciativa prosperarem, Cesar Vaz projetou que a integração energética entre o Brasil e a Guiana já poderia ser uma realidade em um horizonte de seis anos.