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Bitcoin atinge novo recorde histórico: os bastidores de sua valorização

Criptomoedas
Alta histórica do bitcoin pode ser um marco para o mercado global de investimentos. Crédito: Canva

Artigo escrito por Érico Colodeti Filho, especialista em investimentos pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Abima). Especialista em criptomoedas pela Associação Nacional das Corretoras Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord) e professor universitário

Este 22 de maio de 2025 será lembrado por marcar uma transformação no universo dos criptoativos. Isso porque o Bitcoin rompeu um novo teto, alcançando a marca histórica de US$ 111 mil. Este feito não é mero produto do acaso, mas o culminar de uma série de movimentos estratégicos e mudanças de paradigma no mercado financeiro global.

O resgate do Bitcoin

Após um período desafiador, durante o “inverno cripto” de 2022 e 2023 – quando a criptomoeda oscilava abaixo de US$ 20.000 – o Bitcoin reencontrou seu caminho. E isso apoiado por fundamentos robustos e por uma crescente aceitação institucional. Nesse sentido, a ascensão do ativo digital passou a simbolizar uma nova era. Nesta, o Bitcoin é comparado cada vez mais ao tradicional ouro, porém agora sob a perspectiva renovada do “ouro digital”. Essa mudança de mentalidade reflete não só a resiliência inerente ao ativo, mas também o amadurecimento do mercado cripto.

O cenário global contribuiu decisivamente para essa valorização. Em meio a uma desaceleração econômica em diversos países e a incertezas geopolíticas, investidores passaram a buscar refúgios seguros para preservar seu capital.

Enquanto o ouro historicamente fora a principal reserva de valor, o Bitcoin se destaca como uma alternativa moderna e ágil, capaz de oferecer liquidez e potencial de alta expressiva.

Os motores por detrás do crescimento

Dentre os diversos elementos que impulsionaram a escalada do Bitcoin, destaca-se a aprovação do “GENIUS Act” pelo Senado dos Estados Unidos. Esta legislação pioneira, que estabelece diretrizes claras para o funcionamento de stablecoins, bancos cripto bem como emissores de tokens digitais, foi interpretada como um marco decisivo para a abertura institucional definitiva aos ativos digitais. Ou seja, injetou confiança no mercado.

O envolvimento crescente de gigantes do setor financeiro tradicional também tem sido determinante. A inclusão da Coinbase no índice S&P 500 serve como um selo de aprovação e uma demonstração inequívoca de que o mercado cripto deixou de ser um nicho exclusivo e passa a integrar os portfólios de investidores institucionais.

Instituições como JPMorgan, Goldman Sachs e Fidelity, ao expandirem seus serviços para o segmento de criptoativos, consolidam ainda mais o Bitcoin como uma ferramenta de diversificação patrimonial.

Outro ponto crucial tem sido a crescente escassez de Bitcoin disponível nas exchanges. Dados on-chain revelam a movimentação massiva de grandes volumes de BTC para carteiras frias, medida interpretada como uma estratégia de longuíssimo prazo por investidores. Essa prática reduz a oferta imediata no mercado, criando, assim, uma pressão de alta sobre os preços.

O contexto macroeconômico global também tem favorecido o ativo. Com o fortalecimento de moedas internacionais em detrimento do dólar americano – especialmente após dados de inflação surpreendentemente baixos – o Bitcoin, com sua oferta limitada e controle de escassez, emerge como uma proteção frente à desvalorização das moedas fiduciárias.

A audaciosa iniciativa do governo dos Estados Unidos em criar uma “Reserva Estratégica de Bitcoin” somou uma camada extra à narrativa otimista. Inspirada em práticas já consolidadas para o petróleo e o ouro. Nesse sentido, essa medida visa utilizar ativos digitais como proteção contra crises sistêmicas e flutuações cambiais, reforçando a credibilidade bem como o potencial de valorização do Bitcoin.

Bitcoin: Rumo à consolidação como pilar financeiro

O marco atingido em 22 de maio de 2025 é muito mais do que um simples recorde. Nesse sentido ele representa a materialização de um movimento de longo prazo, alicerçado em fundamentos econômicos e regulatórios sólidos. Na medida em que governos e instituições financeiras se adaptam e reconhecem a relevância dos criptoativos, o Bitcoin não apenas reafirma seu papel como reserva de valor, mas também estabelece as bases para uma integração mais profunda com o sistema financeiro global.

Contudo, embora a volatilidade permaneça uma característica inerente ao mercado cripto, os sinais apontam para uma transformação estrutural. O desafio que se impõe, portanto, reside em promover esse crescimento de maneira sustentável e com a devida regulação. Além disso é necessária educação financeira dos investidores. Se bem conduzida, essa evolução pode transformar o Bitcoin em um dos pilares fundamentais do sistema financeiro futuro, coexistindo harmoniosamente com os métodos tradicionais de gestão de patrimônio.

Em resumo, o novo recorde histórico do Bitcoin não é meramente um reflexo das forças de mercado, mas o resultado da sinergia entre regulação, entrada maciça de capital institucional bem como mudanças globais na política monetária.

Este é, sem dúvida, um capítulo marcante na história dos criptoativos, sinalizando que o Bitcoin não está apenas sobrevivendo, mas sim, reconfigurando o cenário financeiro em tempo real.

Érico Colodeti Filho é especialista em investimentos, criptomoedas, professor universitário e apresentador do Me Tira do Perrengue. Foto: Divulgação