1.934 – Redes Sociais: A terceira força na Guerra entre Russia e Ucrânia

Contamos hoje com a colaboração brilhante do amigo André Felipe para o nosso Gestão & Resultados.

“O mais recente episódio da famigerada guerra entre Rússia e Ucrânia, onde um grupo marchou em revolta contra a própria Rússia, comprovou a importância de uma terceira força mundial: as redes sociais.

Essa é uma guerra que já nasceu na era digital e desde os primeiros movimentos ficou sob os holofotes da internet. Nesse evento da revolta contra os russos, do dia para a noite o mundo passou a conhecer o exército de mercenário chamado Wagner. E sabe qual foi a arma que seu líder Prigozhin mais utilizou para isso? O Telegram.

Foi pela rede social que ele anunciou a revolta, fez ameaças, captou apoiadores e no final informou sobre a desistência do plano. Prigozhin passou de um quase desconhecido a uma quase celebridade com ajuda da internet.

Saindo um pouco do contexto da Guerra e analisando de forma geral, quantos líderes políticos não gostariam de ter seu nome em destaque mundial, com admirável notoriedade?

É por isso que figuras históricas como Nelson Mandela, Mahatma Gandhi e Steve Jobs estão sempre nos radares de políticos como exemplos e meta de sucesso, pelo menos do ponto de vista midiático. Esses líderes históricos conseguiram esse feito sem usar as redes sociais como conhecemos hoje, o que faz parecer que agora seja uma tarefa ainda mais simples, mas não é.

Mesmo tendo em mãos grandes ferramentas de comunicação e convencimento, a maior parte dos políticos não sabe utilizar com eficiência e não recebem atenção dentro de um concorrido conglomerado digital.

Muitos líderes, principalmente locais, parecem ter um modelo mental de comunicação ultrapassado, usam as redes sociais para falar ao espelho, com discursos prontos que agradam ao seu próprio ego.

Mas nessa área, temos um novo exemplo de sucesso a ser estudado.

Vladmir Zelensky. Um líder pressionado pela guerra, que apareceu ao mundo pelas redes sociais e soube levar o mundo para dentro do seu discurso.

Logo nos primeiros momentos da Guerra, ele usou a própria rede social para dizer que estava em seu Gabinete na Ucrânia e desmentir as informações que teria fugido. Zelensky se posicionou como um líder e disse que enfrentaria qualquer tipo de força pelo seu povo.

A partir disso, o Presidente pressionou os países mais poderosos a defenderem a Ucrânia, pleiteou uma cadeira na OTAN e se fez ser ouvido pelo mundo. Usando o Twitter ele denunciou crimes humanitários praticados pela Rússia e como resultado conseguiu a criação de um corredor de paz para retirada de civis, em seu Instagram mostrava proximidade com os soldados, fez diversos vídeos de discursos motivacionais ao povo ucraniano e ao mundo, tudo usando as redes sociais como veículo de comunicação.

Como estratégia de Guerra, Zelensky fez questão de comunicar muito bem cada vitória conquistada pela Ucrânia em batalhas. Abatimento de aviões e helicópteros Russos, número de soldados mortos diariamente, morte de general e líderes do exército Russo. Essa tática usa a comunicação para mostrar fragilidade do país invasor e faz a Rússia perder credibilidade até mesmo com sua própria tropa.

Não foi simplesmente a Guerra que fez o mundo prestar atenção em Zelensky, foi ele próprio que soube utilizar as ferramentas digitais em um momento difícil e atrair a atenção que precisava.

Não sabemos como será o fim dessa guerra, mas Zelensky sairá como o grande vencedor. Um comediante, desconhecido como presidente e que foi capa das revistas mais importantes do mundo, discursou no parlamento americano, sentou-se com todos os chefes de estado, foi convidado de destaque na assembleia da ONU e já é um dos principais líderes políticos do mundo.

Do ponto de vista da comunicação, o Zelensky é o que muitos políticos sonham em ser, ou pior, alguns até imaginam que são.”

André Felipe

Publicitário, Diretor de Comunicação na Agência POREM, Coordenador de Cursos na Preparo Digital e Colaborador ativo da União Brasileira para a Qualidade e Inovação – UBQI

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