
“Contratos são sagrados”. A frase do presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Paulo Baraona, resume o tom de preocupação do setor produtivo diante das manifestações indígenas que promovem bloqueios à Rodovia ES-010 e ao ramal ferroviário do Piraquê-Açu, em Aracruz. Os protestos interrompem uma das principais rotas logísticas do norte capixaba e ampliam o debate sobre segurança jurídica e previsibilidade econômica no Estado.
Os bloqueios afetam diretamente o acesso ao complexo portuário de Barra do Riacho, essencial para o escoamento da produção industrial. Nesse sentido, a paralisação compromete operações, eleva custos e gera incertezas para empresas que dependem da integração rodoviária e ferroviária da região.
Indústria cobra respeito à legalidade
O presidente da Findes disse que já adotou medidas judiciais diante do que considera ilegalidades. “Nós sempre defendemos a legalidade e os contratos. Contratos, para nós, são sagrados”, declarou. Segundo ele, a interrupção de uma ferrovia estratégica colide com o projeto de desenvolvimento logístico construído pelo Espírito Santo ao longo das últimas décadas.
O presidente da Findes alertou ainda para o risco de perda de confiança por parte de investidores. “Uma ferrovia parada traz descompassos naquilo que viemos defendendo nos últimos anos”, disse. Do mesmo modo, a economista-chefe da Findes, Marília Silva, chamou atenção para o peso que Aracruz tem para a economia do ES. “O município concentra quase R$ 6 bilhões em investimentos mapeados e ocupa a quarta posição entre cidades com maior volume de aportes no Estado”, considerou.
Governo aposta no diálogo e em alternativas
O governador Renato Casagrande reconheceu que o ramal ferroviário sofre paralisações recorrentes por atravessar área indígena. “Quando é em área indígena, só o governo federal pode atuar”, afirmou. Por isso, o Estado defende a criação de um novo ramal fora dessas áreas, ampliando a capacidade de ação e resposta do governo capixaba.
Casagrande informou que há diálogo permanente com lideranças indígenas e atuação da Polícia Militar para reduzir os impactos imediatos. “Com relação à ES-010, estamos trabalhando para dar fluidez ao trânsito”, disse. O governador ressaltou que o tema da demarcação tramita no Judiciário e no Congresso Nacional. Ou seja, esse é o motivo das manifestações de indígenas, dentro de um contexto de tensão em diversas aldeias do país.