Economia

Brasil ainda aposta em negociar tarifas com os EUA, mas se prepara para retaliar

País deve manter mesma estratégia negociadora adotada quando Trump anunciou tarifa de 25% sobre aço e alumínio. Governo e oposição se articulam no Congresso para possíveis retaliações

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Crédito: Reprodução/ Youtube e Freepik
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O governo do presidente Lula aguarda, de forma apreensiva, os anúncios de tarifaço amplo que devem ser feitos nesta quarta-feira, 2, pelo presidente dos Estados UnidosDonald Trump, na data intitulada pelo americano de “Liberation Day” (Dia da Libertação). Integrantes do Executivo brasileiro afirmam que o País seguirá insistindo na negociação em relação às possíveis novas tarifas. Porém, paralelamente, o governo e a oposição se articulam no Congresso para preparar a legislação nacional em caso de eventuais retaliações.

Interlocutores da gestão brasileira relataram que, até o início desta semana, ainda esperavam uma definição do que virá da Casa Branca. Do mesmo modo, no setor privado, o clima é de incerteza sobre o que o republicano irá anunciar.

Na semana passada, diplomatas do País foram aos Estados Unidos para uma rodada de conversas sobre as tarifas anunciadas por Trump e aproveitaram para fazer uma sondagem sobre o anúncio desta quarta. Nesse sentido, uma pessoa a par das conversas afirmou à reportagem que ninguém está seguro do que virá e que é preciso esperar.

Até o momento, integrantes do governo Lula afirmam que não houve uma sinalização de que o Brasil estará ou não no novo pacote. Caso o país seja incluído, deverá ser mantida a mesma postura adotada desde o anúncio da tarifa de 25% sobre aço e alumínio brasileiros. Ou seja, a de negociação.

Tarifas e negociação

Desde fevereiro, quando Trump anunciou as tarifas sobre alumínio e aço, o Brasil aposta na construção de diálogo entre representantes de ambas as nações. Nesse sentido, o objetivo é chegar a uma “solução satisfatória” sobre a questão. Do mesmo modo, nas últimas semanas o foco é conversas no nível técnico.

Por enquanto, a lógica brasileira é negociadora, uma vez que o País vê argumentos consistentes para mostrar que as tarifas sobre o aço brasileiro não são benéficas. Ainda mais do ponto de vista do interesse da política externa de Trump e do setor privado americano.

Na expectativa do governo Lula em relação ao anúncio desta quarta, o relatório anual sobre barreiras comerciais divulgado na segunda-feira, 31, pela gestão americana, reforçou a relevância do etanol. Contudo, o documento dá pistas sobre a argumentação que os Estados Unidos poderão lançar caso inclua o País no tarifaço amplo.

O setor privado espera que o Executivo brasileiro não mude o tom nesta quarta se o País for atingido diretamente pelo anúncio de tarifas do republicano. Nesse sentido, a avaliação das empresas é de que o Brasil precisará ter frieza para reagir, antes analisando os impactos e depois partindo para a negociação. Ou seja, se for muito duro de imediato, corre o risco de ficar sem os canais de diálogo aprofundados recentemente.

Trump irredutível

Trump tem se mostrado irredutível em estabelecer exceções para a tarifa do aço e do alumínio, postura diferente de seu primeiro mandato. Na ocasião, por exemplo, aceitou um acordo de cotas de exportação pelo Brasil que evitou a sobretaxa sobre a siderurgia local em 2018. Essa postura, inclusive, pode se manter sobre os anúncios de hoje. Nesse sentido, tanto a base da gestão Lula quanto a oposição começaram a se articular no Congresso Nacional para preparar possíveis retaliações.

Às vésperas da aplicação das tarifas recíprocas prometidas pelo presidente dos Estados Unidos, o Senado brasileiro aprovou o “PL da Reciprocidade”. Em outras palavras o projeto de lei estabelece critérios para que o Brasil responda a “medidas unilaterais” adotadas por países ou blocos econômicos que afetem a competitividade internacional do País. Nesse sentido o projeto permite que o governo aplique contramedidas quando seus produtos sofrerem retaliações desmedidas de outros países.

Contudo, apesar de o Brasil defender o diálogo, integrantes do governo Lula não garantem o sucesso nas tratativas sobre tarifas com os Estados Unidos. Uma pessoa a par das conversas afirmou que o governo pode fazer a “melhor negociação do mundo”. No entanto, ainda assim, a palavra final será da Casa Branca, que pode ter outras ideias.