Economia

Brasil pode ter postura mais ofensiva na política externa, diz Monteiro Neto

Brasil pode ter postura mais ofensiva na política externa, diz Monteiro Neto Brasil pode ter postura mais ofensiva na política externa, diz Monteiro Neto Brasil pode ter postura mais ofensiva na política externa, diz Monteiro Neto Brasil pode ter postura mais ofensiva na política externa, diz Monteiro Neto

Brasília – O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro, disse nesta segunda-feira, 09, que o País pode ter uma postura mais ofensiva e pragmática em sua política externa. “Há uma rede de acordos internacionais que o Brasil pode integrar mais, o que ajudaria nas condições de acesso do produtos brasileiros em diversos mercados”, afirmou.

O ministro citou como exemplo os Estados Unidos, um “parceiro estratégico” para o País. Segundo ele, boa parte das exportações brasileiras para os EUA são compostas por produtos manufaturados, enquanto as vendas externas para a China são preponderantemente compostas por commodities agrícolas e metálicas.

“Não temos, a rigor, problemas tarifários para ingressar nos EUA. As tarifas médias são baixas, em torno de menos de 5%”, afirmou. O ministro disse, porém, que as condições de acesso dos produtos brasileiros no mercado americano exigem esforços em torno de convergências regulatórias e de harmonização de normas técnicas de qualidade. “É possível trabalhar nessa agenda, com ganhos que podem gerar oportunidades no curto prazo com o Brasil.”

O ministro disse que a reaproximação do Brasil com os Estados Unidos não representa o abandono da antiga política externa, voltada a países em desenvolvimento. “O Brasil precisa se associar mais aos fluxos de comércio em regiões de maior dinamismo no mundo. Os EUA voltaram a crescer, e isso tem grande impacto no comércio internacional”, afirmou. “É um reconhecimento de que áreas que já foram mais dinâmicas no passado hoje não o são por razões diversas.”

Segundo Monteiro, a presidente Dilma Rousseff expressou aos empresários a confiança de que o governo vai adotar as medidas de ajuste necessárias para trazer resultados para a economia. De acordo com ele, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) vai se reunir trimestralmente, e a presidente assegurou que vai participar de todos os encontros. “A presidente confia em algumas manifestações do setor privado que acham que a economia vai reagir em um prazo razoavelmente curto”, afirmou Monteiro.

O ministro disse que o ano de 2015 será difícil, pois as medidas de ajuste impõem um horizonte de restrições. Ele ressaltou, porém, a importância de reverter as expectativas para obter resultados econômicos melhores. “Não vamos ficar dizendo que já vamos ter um ano de recuperação rápida e de crescimento, mas o fato é que a economia vive mais de expectativas do que de fatos físicos presentes”, disse.

“O elemento expectativa será decisivo para que as medidas de ajuste produzam resultados. Se melhorarmos a confiança e as expectativas, isso logo terá efeito, pois as decisões de investimento não acontecem apenas olhando o curto prazo e resultados do PIB do ano corrente, mas sim com um olhar de mais largo tempo”, disse. “Se essas medidas estiverem na direção correta, logo, logo a confiança e os investimentos retomam. E investimento é o mais importante para retomar o crescimento da economia.”

Sobre energia, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, expôs aos empresários aspectos estruturais sobre a oferta de energia e traçou um quadro realista para o setor. “É uma quadro que nos aponta uma perspectiva de confiança com relação a oferta de energia”, afirmou. “Evidentemente que os empresários estão preocupados, mas confiantes de que há situações estruturais na oferta de energia que nos dão horizonte razoável.”

O ministro disse também que o Plano Nacional de Exportação – que está sendo preparado pelo governo – prevê a manutenção de instrumentos como o Reintegra e o Proex Equalização.

Segundo ele, o Brasil não pode entrar nessa disputa internacional sem ter esses instrumentos. O ministro explicou que cada real gasto no Proex Equalização gera, na média, R$ 20 equivalentes de exportação. “Podemos com poucos recursos alavancar a exportação”, afirmou. Monteiro Neto disse que o plano deve ser lançado no começo de março. “Vamos concluir todo processo de consulta ao setor privado, desenhar, discutir com outras áreas do governo. Não é um plano do MDIC, mas um plano do governo. E aí sim anunciaremos em março”, disse.

Câmbio

Monteiro Neto avaliou que a tendência é de depreciação do real frente ao dólar e de uma perspectiva melhor de menos volatilidade da moeda. “Não é apenas o ministro, mas vários analistas econômicos identificam uma tendência de depreciação do real por uma série de fatores, como a valorização do dólar e mudança na política monetária nos EUA.”

Segundo ele, já existem as condições para que o real se deprecie sem artificialismo. “Os agentes econômicos estão identificando essa tendência. Mas o câmbio não pode ser oscilante demasiadamente. Uma trajetória de menor oscilação é desejável para que o setor exportador tenha mais previsibilidade. As circunstâncias apontam uma perspectiva melhor”, disse.