Artigo

Carbono Oculto: a ofensiva bilionária que expôs a fragilidade das fintechs

Para o investidor comum, que confia seu dinheiro a fintechs e plataformas de investimento, o aumento do rigor representa um marco de segurança e transparência. Ao nivelar as regras do jogo, o governo fecha uma brecha crítica

Leitura: 3 Minutos
Operação Carbono (Foto: Receita Federal SP)
Operação Carbono Oculto: Crime organizado usava fintechs para lavar dinheiro. Foto: Receita Federal SP

Artigo escrito por Érico Colodeti Filho, especialista em investimentos pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Abima). Especialista em criptomoedas pela Associação Nacional das Corretoras Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord). Professor universitário e apresentador do “Me Tira do Perrengue“.

O Brasil acordou na última quinta, 28, sob o impacto de uma das mais audaciosas e abrangentes ações contra o crime organizado da sua história recente. Batizada de “Operação Carbono Oculto”, a mega investida liderada pela Polícia Federal e pela Receita Federal não apenas mirou, mas também desmantelou uma complexa teia de lavagem de dinheiro. Esquema orquestrado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), que havia se infiltrado profundamente no bilionário setor de combustíveis.

Foram cerca de 1.400 agentes mobilizados para cumprir 200 mandados em 350 alvos espalhados por dez estados. A operação expôs como a organização criminosa utilizava a cadeia de distribuição desde a importação até a bomba de gasolina, para movimentar e legalizar recursos ilícitos. Contudo, a revelação mais sísmica da “Carbono Oculto” não estava nos postos ou distribuidoras, mas no coração do moderno sistema financeiro digital.

A investigação descobriu que as fintechs, com sua agilidade e ambiente regulatório até então mais flexível, haviam se tornado a ferramenta predileta dos criminosos para pulverizar e ocultar o dinheiro sujo, dificultando o rastreamento pelas autoridades. Foi a constatação dessa vulnerabilidade que serviu de catalisador para uma mudança imediata e estrutural.

Resposta às fintechs

Em resposta direta às descobertas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na manhã da sexta-feira, 29 de agosto, uma medida de efeito imediato. Para a Receita Federal, as fintechs passarão a ser tratadas como instituições financeiras tradicionais. Na prática, isso significa o fim de qualquer distinção regulatória. Elas agora são obrigadas a cumprir o mesmo rigor fiscal e informativo que os grandes bancos. Ou seja, devem reportar detalhadamente as movimentações financeiras de seus clientes e, principalmente, comunicando qualquer operação suspeita.

Para o investidor comum, que confia seu dinheiro a bancos digitais e plataformas de investimento, essa mudança representa um marco de segurança e transparência. Ao nivelar as regras do jogo, o governo fecha uma brecha crítica que não só permitia a atuação do crime organizado, mas que também expunha todo o ecossistema a um risco sistêmico.

A medida fortalece a integridade do mercado, garantindo que o ambiente digital inovador seja também um ambiente seguro. Nesse sentido, a consequência direta é um aumento na confiança. Saber que sua plataforma de investimentos opera sob as mesmas obrigações de vigilância que um banco secular protege o capital do cidadão contra os abalos que esquemas fraudulentos poderiam causar.

Érico Colodeti Filho é especialista em investimentos, professor universitário e apresentador do Me Tira do Perrengue. Foto: Divulgação

Assim, o que começou como uma caçada a uma rede criminosa no setor de combustíveis culminou em um fortalecimento sem precedentes do sistema financeiro nacional. Do mesmo modo prova que a luta contra o crime organizado pode, e deve, resultar em um ambiente de negócios mais seguro e confiável para todos.

Artigo escrito por Érico Colodeti Filho, especialista em investimentos pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Abima). Especialista em criptomoedas pela Associação Nacional das Corretoras Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord), professor universitário e apresentador do “Me Tira do Perrengue”.

Redação Folha Vitória

Equipe de Jornalismo

Redação Folha Vitória é a assinatura coletiva que representa a equipe de jornalistas, editores e profissionais responsáveis pela produção diária de conteúdo do Folha Vitória. Comprometida com a excelência jornalística, a equipe atua de forma integrada para garantir informações precisas, atualizadas e relevantes, sempre alinhada à missão de informar com ética, democratizar o acesso à informação e fortalecer o diálogo com a comunidade capixaba. O trabalho do grupo reflete o padrão de qualidade da Rede Vitória de Comunicação, consolidando o veículo como referência em jornalismo digital no Espírito Santo.

Redação Folha Vitória é a assinatura coletiva que representa a equipe de jornalistas, editores e profissionais responsáveis pela produção diária de conteúdo do Folha Vitória. Comprometida com a excelência jornalística, a equipe atua de forma integrada para garantir informações precisas, atualizadas e relevantes, sempre alinhada à missão de informar com ética, democratizar o acesso à informação e fortalecer o diálogo com a comunidade capixaba. O trabalho do grupo reflete o padrão de qualidade da Rede Vitória de Comunicação, consolidando o veículo como referência em jornalismo digital no Espírito Santo.