O tarifaço de 50% sobre a importação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos, decretado pelo presidente Donald Trump, entrou em vigor nesta quarta-feira (6) e deve impactar diretamente dois importantes municípios capixabas: Serra, que aparece em 10º lugar no ranking nacional dos mais atingidos, e Cachoeiro de Itapemirim, na 15ª posição.
O levantamento realizado pelo jornal Estadão considera os 30 produtos mais exportados pelo Brasil aos EUA em 2024, com base em dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
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A nova alíquota imposta por Trump, que eleva a tarifa total para 50%, atinge setores como carne, café, pescados, máquinas e peças industriais, todos relevantes para a economia capixaba.
Na Serra, localizada na Grande Vitória, o setor industrial é um dos pilares econômicos do município, com forte presença de empresas que atuam na produção de máquinas, componentes mecânicos e alimentos processados. Parte dessa produção tem como destino o mercado americano, o que deve acarretar prejuízos com a nova tarifa.
Já em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, o setor de rochas ornamentais, apesar de não estar diretamente listado entre os mais afetados no levantamento, divide espaço com exportações de máquinas e alimentos, que estão entre os produtos taxados.
Cenário nacional
O decreto da Casa Branca entrou em vigor à 01h01 (horário de Brasília) desta quarta e afeta um total de 906 municípios brasileiros. Produtos como aeronaves, suco de laranja, petróleo e celulose foram poupados da tarifa extra. Já carnes, cafés, pescados, máquinas e armas passaram a ser taxados com o novo percentual.
O governo americano aplicou uma taxa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, somada à alíquota de 10% já em vigor anteriormente, resultando em uma tarifa de 50%. Embora o levantamento destaque os principais produtos atingidos, algumas mercadorias ainda podem ser isentas, dependendo da classificação específica.
Além de Serra e Cachoeiro, municípios como Piracicaba (SP), Matão (SP), Guaxupé (MG), Jaraguá do Sul (SC) e Campo Grande (MS) também aparecem entre os mais impactados, evidenciando o peso do tarifaço para polos industriais e agroexportadores do País.
O aumento da tarifa deve gerar efeitos em cadeia nas economias locais, com possível redução no volume de exportações e reflexos no nível de emprego e arrecadação. Entidades empresariais do Espírito Santo acompanham com preocupação os desdobramentos da medida.
Entenda o que é o tarifaço
O tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil integra a nova política comercial adotada pelo presidente Donald Trump, que tem como objetivo aumentar tarifas contra países parceiros para conter a perda de competitividade da economia americana frente à China, observada nas últimas décadas.
A ofensiva começou em 2 de abril, quando Trump iniciou uma série de barreiras alfandegárias com base no déficit comercial dos EUA com cada nação. Como os Estados Unidos registram superávit nas trocas com o Brasil, o país foi inicialmente alvo de uma tarifa mais branda, de 10%.
No entanto, no início de julho, a tarifa foi elevada para 50%, em uma retaliação direta a medidas que, segundo Trump, prejudicariam empresas de tecnologia americanas, as chamadas big techs.
A decisão também veio após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de liderar uma tentativa de golpe após perder as eleições de 2022, o que acirrou as tensões diplomáticas entre os dois países.
Repórter
Jornalista pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e especializada em Povos Indígenas.
