*Artigo escrito por Dyego Frasson, advogado empresarial, especialista em ambientes de negócios e operações de M&A, e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG.
A construção de cidades inteligentes (smart cities) tem se consolidado como uma realidade no Brasil. Além de colocar os municípios na agenda de discussão global, com a finalidade de promoção do desenvolvimento urbano sustentável, também traz eficiência as demandas dos cidadãos.
Essas cidades se apoiam na tecnologia e no incentivo ao ecossistema de inovação para que as políticas ESG sejam aplicadas com racionalidade, transparência e eficiência.
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A mobilidade urbana, segurança e logística são eixos de desenvolvimento que impactam diretamente na qualidade de vida da população. Nesse contexto, a convergência entre o conceito de cidades inteligentes e as políticas ESG (ambientais, sociais e de governança) não é apenas natural, mas estratégica.
Políticas ESG
A dimensão ambiental (E) das políticas ESG é atendida diretamente quando as cidades investem em soluções como redes elétricas inteligentes, mobilidade com baixa emissão de carbono, uso racional de água e gestão eficiente de resíduos sólidos.
A adoção de energia limpa, como a solar e a eólica, integrada a sistemas de monitoramento urbano, contribui para a mitigação das mudanças climáticas, uma exigência central de frameworks como os padrões IFRS S2, já incorporados na normativa brasileira pela Resolução CVM nº 193/2023.
Na esfera social (S), smart cities promovem inclusão e equidade ao reduzir desigualdades no acesso a saúde, educação, moradia e conectividade digital.
Tecnologias assistivas, plataformas de participação cidadã e indicadores de bem-estar urbano são pilares de cidades que integram justiça social ao seu planejamento — alinhando-se às diretrizes da GRI 413 (impacto em comunidades locais) e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
Já na dimensão de governança (G), a gestão de uma cidade inteligente exige transparência, integridade e prestação de contas. O uso de big data, blockchain e inteligência artificial nos processos de licitação, fiscalização e controle social fortalece a accountability pública.
A governança baseada em dados confiáveis também responde aos princípios defendidos pelas diretrizes da SASB e da ISO 37122, que estabelece indicadores padronizados para cidades inteligentes.
Enxergar o ESG e smart cities como dois pilares de solução para um mesmo problema, envolvendo instituições, universidades, empresas e sociedade civil, propicia o atingimento das agendas publico-privadas de desenvolvimento sustentável das relações econômicas de uma sociedade.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.