Economia

Com usinas em crise, Sertãozinho faz pacto para reduzir demissões

Com usinas em crise, Sertãozinho faz pacto para reduzir demissões Com usinas em crise, Sertãozinho faz pacto para reduzir demissões Com usinas em crise, Sertãozinho faz pacto para reduzir demissões Com usinas em crise, Sertãozinho faz pacto para reduzir demissões

Franca – Para enfrentar em 2015 a crise no setor sucroalcooleiro, uma cidade paulista resolveu fazer um pacto que envolve prefeitura, vereadores, empresários, comerciantes, sindicatos e outras entidades. Em Sertãozinho, onde 70% do Produto Interno Bruto (PIB) vem do etanol e do açúcar, houve no ano passado 2.400 demissões nas metalúrgicas que atendem as demandas das usinas, e as expectativas para este ano não são nada animadoras.

Diante disso, uma série de ações foi definida para reduzir o impacto da crise e ajudar os desempregados. Eles terão a cobrança de dívidas suspensa por 90 dias – até o início da próxima safra da cana. E, entre outros benefícios, poderão adquirir cestas básicas no município a preço de custo, R$ 69,90 cada.

Essas medidas de emergência se devem ao fechamento de usinas e às dispensas em massa nas metalúrgicas. O “Pacto Social pelo Emprego” foi formatado por um grupo criado com representantes de vários setores da comunidade. O secretário municipal de Indústria e Comércio, Carlos Roberto Liboni, diz que as ações envolvem supermercados, planos de saúde, bancos, entidades e empresas.

Segundo ele, foi elaborado um documento onde são pontuadas as ações de cada um dos setores. A prefeitura afirma que Sertãozinho tem a maior concentração da cadeia produtiva sucroenergética do País e apresenta uma queda constante e acentuada de sua capacidade de manter os postos de trabalho.

Antes de chegar a um consenso, o grupo formado para avaliar as ações se reuniu oito vezes. As medidas poderão ser estendidas ao final do prazo, mas isso dependendo da redução do desemprego e de outras questões. Um dos benefícios para os trabalhadores atingidos pela crise envolve os planos de saúde. Eles se comprometeram a manter os contratos pelo valor corporativo, mesmo em caso de demissão do titular.

Por sua vez, o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise-Br) e o Sindicato dos Metalúrgicos se comprometeram a montar uma Câmara de Mediação, junto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Justiça do Trabalho e a Promotoria. O objetivo é reduzir as pressões para demissões em massa com a criação de instrumentos de conciliação, como acordo de banco de horas, jornadas especiais ou suspensão temporária do contrato de trabalho.

Já a Associação Comercial e Industrial de Sertãozinho ficou de orientar, de maneira ostensiva, seus filiados a renegociarem dívidas. O Banco do Brasil também seguirá esse mesmo parâmetro para atender empresas e pessoas físicas, oferecendo maior carência e menores juros, além de prorrogação de parcelas não vencidas e condições diferenciadas de crédito. Já a OAB intensificará seu programa de assistência judiciária gratuita.

Protesto

Todos os participantes do pacto estarão presentes no “Movimento Popular pelo Emprego do Setor Sucroenergético”, marcado para o dia 27 deste mês. Na ocasião, a cidade vai parar e haverá uma manifestação com a finalidade de chamar a atenção do governo federal e do governo do Estado.

Sertãozinho enfrenta há três anos a desaceleração da economia. O secretário Carlos Liboni afirma que a intenção é que todos os setores voltem se reunir em março para avaliar o resultado das medidas e, eventualmente, estender o pacto. Nos últimos quatro anos, cinco usinas fecharam as portas na região, ao mesmo tempo em que não houve nenhum pedido para a abertura de novas unidades.

Na prefeitura, mesmo tendo iniciado 2014 com superávit de R$ 10 milhões, foram contabilizados R$ 20 milhões em perdas somente com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no decorrer do ano, e o orçamento fechou com déficit de R$ 10 milhões. Para tentar equilibrar as contas em 2015, o prefeito José Alberto Gimenez (PSDB) anunciou a demissão de até 15% dos funcionários comissionados.

Apesar dos problemas, o prefeito se mantém otimista. “Penso sempre que as coisas vão melhorar. Às vezes, precisam piorar para melhorar, ouvia isso do meu avô e acho que faz sentido”, afirma. Para ele, a situação deve continuar ruim por alguns meses, mas depois Sertãozinho vai se adequar à nova realidade e voltará a ser uma potência sucroalcooleira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.