Economia

Comunicado do Copom tem viés 'claramente' de alta para Selic, diz Itaú Unibanco

Em contrapartida, avalia o Itaú, o BC coloca novamente que o nível de ociosidade econômica pode ocasionar inflação aquém do esperado, especialmente quando a folga está concentrada no setor de serviços

Comunicado do Copom tem viés ‘claramente’ de alta para Selic, diz Itaú Unibanco Comunicado do Copom tem viés ‘claramente’ de alta para Selic, diz Itaú Unibanco Comunicado do Copom tem viés ‘claramente’ de alta para Selic, diz Itaú Unibanco Comunicado do Copom tem viés ‘claramente’ de alta para Selic, diz Itaú Unibanco
Foto: Divulgação

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) tem elementos de viés claramente altista para a taxa básica de juros, avalia nota do Itaú Unibanco. Nesta quarta-feira, 9, o Copom do Banco Central manteve a Selic em 2,00% ao ano, em decisão unânime, e amplamente esperada pelo mercado.

Ao ler o documento após a divulgação da decisão, o Itaú entende que os membros do BC não se referem mais a cortes adicionais, indicando que condições para abandonar o “forward guidance” de juros baixos por período prolongado podem estar presentes na primeira reunião de 2021. O encontro ocorrerá nos dias 19 e 20 de janeiro. Além disso, acrescenta, o Copom mostra projeções para a inflação no ano que vem, no cenário base, em 3,4%, contra 3,1% anteriormente.

Para o banco, que tem como economista-chefe Mario Mesquita, “o cenário de alta da taxa Selic em 2021 tornou-se mais plausível, e a elevação dos juros antes dos últimos meses do ano não pode mais ser descartada”, avalia.

Sobre o “forward guidance”, as autoridades ponderam que as condições para sua manutenção seguem satisfeitas, uma vez que as expectativas de inflação para o horizonte relevante estão abaixo da meta (apesar de terem subido desde a última reunião), o regime fiscal não mudou e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem bem ancoradas, menciona o Itaú. No entanto, acrescenta o banco, o Copom antecipa que uma dessas condições pode deixar de ser verificada em breve, uma vez que o horizonte relevante para a política monetária vai gradualmente se deslocando de 2021 para 2022, e que as projeções e expectativas de inflação para tal ano já se situam próximas à meta.

O comunicado do Comitê, contudo, não trouxe mudanças no que diz respeito ao balanço de riscos para a inflação, ressalta o Itaú. Por um lado, cita que o Copom afirma que um prolongamento das políticas fiscais de resposta à pandemia ou frustrações com a agenda de reformas podem elevar os prêmios de risco, e que o risco fiscal elevado segue gerando assimetria de alta.

Em contrapartida, avalia o Itaú, o BC coloca novamente que o nível de ociosidade econômica pode ocasionar inflação aquém do esperado, especialmente quando a folga está concentrada no setor de serviços.

“Seguindo a prática de documentos anteriores, o comitê também enfatizou que é essencial ter perseverança no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira, ressaltando que questionamentos sobre a continuidade delas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas têm o potencial de elevar a taxa de juros estrutural da economia”, afirma o Itaú, que espera mais detalhes do Copom na ata, a ser divulgada na terça-feira (15), às 8h.