
*Artigo escrito por Bianca Otoni, bacharela em Cooperativismo e analista de Desenvolvimento Cooperativista do Sistema OCB/ES
No Dia Internacional da Agricultura Familiar, celebrado neste dia 25 de julho, devemos reconhecer o papel fundamental dos pequenos produtores rurais para o desenvolvimento sustentável do Espírito Santo, especialmente quando aliados à educação.
Porém, mais do que isso, precisamos falar sobre as cooperativas, grandes impulsionadoras e apoiadoras dos agricultores familiares. Atualmente, nosso estado possui sete cooperativas que reúnem cooperados desse segmento.
Juntas, essas cooperativas têm se destacado por fornecerem alimentos saudáveis e de qualidade para a merenda escolar, fortalecendo a economia local e promovendo melhores hábitos alimentares entre os estudantes da rede pública.
Essa parceria só é viabilizada graças à Lei nº 11.947, que estabelece que pelo menos 30% dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) devem ser destinados à compra de produtos desse segmento.
Essa medida impulsiona a integração entre o campo, a educação e o desenvolvimento local, e as cooperativas têm se organizado para atender à demanda.
Os números da edição mais recente do Anuário do Cooperativismo Capixaba apontam que o valor movimentado por elas via Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) chegou a aproximadamente R$ 11,9 milhões.
Por meio do esforço coletivo, elas ofertam um volume expressivo e diversificado de alimentos, como frutas, legumes, hortaliças, ovos, leite e produtos processados artesanalmente. Essas coops abastecem não apenas escolas do Espírito Santo, como também instituições de ensino de outros estados da região Sudeste.
Ou seja, para além da qualidade e da diversidade de produção, as cooperativas têm sido reconhecidas pelo impacto social e econômico que geram.
Ao promoverem a inclusão produtiva de milhares de famílias agricultoras, também contribuem para a geração de renda, fixação do homem no campo, sucessão familiar e valorização da agricultura para pequenos produtores como vetor de desenvolvimento sustentável.
A parceria para o fornecimento de merenda escolar fortalece e beneficia os dois lados – os estudantes atendidos e os pequenos agricultores cooperados –, é uma relação de ganha-ganha.
Para as crianças e adolescentes em fase escolar, a oferta de alimentos seguros e com alto teor nutritivo garante uma dieta equilibrada, que é essencial para o funcionamento cognitivo, impactando diretamente no desempenho escolar.
O próprio FNDE reconhece isso. Tanto que, em fevereiro deste ano, lançou a Resolução nº 3/2025, que estabelece que no mínimo 80% dos recursos no âmbito do Pnae devem ser destinados à aquisição de alimentos in natura ou minimamente processados.
Dessa forma, as cooperativas da agricultura são fornecedoras fundamentais e parceiras que ajudam a construir um futuro melhor para as crianças e jovens.
Mas além de atenderem a essa demanda, as cooperativas também são fortalecidas por essa relação. Com a merenda escolar, elas passam a ter um escoamento regular, o que resulta em estabilidade financeira e reconhecimento social.
A partir disso, podem reinvestir os resultados, seja na promoção do desenvolvimento local da comunidade onde estão inseridas ou até mesmo na realização de capacitações que visam aperfeiçoar as práticas de produção no campo.
Portanto, a articulação entre agricultura familiar, cooperativas e educação representa uma estratégia poderosa para promover o desenvolvimento local, garantir alimentação de qualidade nas escolas e formar cidadãos mais conscientes.
Essa é uma tradução do funcionamento do cooperativismo: todos saem ganhando. Por isso, esse modelo merece ser valorizado, ampliado e replicado em todo país.