Economia

Crise de gripe aviária não afeta frango e ovos do Estado, diz secretário

Enio Bergoli afirma que produção de carne de frango e ovos do Estado não terá impacto devido a protocolos de segurança. No entanto, se crise demorar a passar, preços podem cair

Apenas 3% da produção de frango do Estado é exportada  e não deve ter impacto com proibição de China e Japão, segundo secretário de Estado da Agricultura. Crédito: Cloves Louzada
Apenas 3% da produção de frango do Estado é exportada e não deve ter impacto com proibição de China e Japão, segundo secretário de Estado da Agricultura. Crédito: Cloves Louzada

A recente suspensão das exportações de carne de frango do Brasil para a China e, mais recentemente, para o Japão, devido a focos de gripe aviária em criações comerciais no Sul do país, acendeu um alerta no setor avícola nacional. No Espírito Santo, que possui uma produção expressiva de ovos e carne de frango, o impacto direto deve ser limitado. Essa é a avaliação do secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.

De acordo com Bergoli, o vírus da gripe aviária já está nos cinco continentes e em quase 70 países. “Dos países relevantes na exportação de carne de frango e ovos, o Brasil foi o último a registrar casos em criações comerciais. Isso evidencia a força do nosso sistema de defesa sanitária”, pontuou.

Além disso, ele destacou que os embargos são procedimentos normais em situações desse tipo. Do mesmo modo o secretário afirmou que o Brasil segue protocolos específicos, definidos em acordos com cada país importador.

Aposta na regionalização sanitária

Diante desse cenário, o Brasil está negociando com parceiros comerciais o princípio da regionalização sanitária. Isso significa que as restrições sejam aplicadas apenas a um raio de 10 km ao redor do foco da infecção, em vez de envolver todo o país. Segundo Enio Bergoli, essa abordagem já é aceita por diversos países e permite que o comércio internacional continue funcionando mesmo diante de episódios pontuais.

“Já há acordos firmados com alguns mercados. As medidas de contenção estão sendo adotadas de imediato, com barreiras sanitárias ativas e o acompanhamento do foco pelo prazo necessário, geralmente 60 dias”, explicou.

Qual o impacto para o frango do ES?

Quando se trata do Espírito Santo, a preocupação é menor. Segundo Bergoli, menos de 2% da produção de ovos e menos de 3% da carne de frango capixaba são destinados à exportação. “Isso significa que não há uma presença significativa do Espírito Santo no comércio internacional de frango. Portanto, o impacto direto deve ser pequeno”, disse.

Contudo, ele alertou que, caso as restrições persistam por muito tempo, o excedente de produção pode pressionar o mercado interno, gerando uma oferta maior, queda nos preços e, em casos extremos, prejuízos aos produtores.

“Temos margens muito pequenas no setor. Por isso, a eficiência do nosso sistema de defesa é fundamental para evitar perdas maiores e restabelecer a normalidade o quanto antes”, acrescentou.

Preparo e agilidade

O secretário lembrou que o Espírito Santo foi o primeiro estado brasileiro a identificar a presença do vírus, ainda em aves silvestres. “Isso demonstra a eficiência do nosso sistema de vigilância. Contamos com profissionais altamente treinados e protocolos bem definidos, tanto na esfera pública quanto no setor privado”, afirmou.

Desde 2023, as ações de prevenção na produção de frango vêm sendo intensificadas em todo o país. No Espírito Santo, essas medidas incluem:

  • Controle de acesso a granjas
  • Uso obrigatório de equipamentos de proteção
  • Bloqueio à entrada de aves silvestres
  • Monitoramento constante da biossegurança

Números da avicultura capixaba

Em 2024, o Espírito Santo produziu 5,2 bilhões de ovos, um crescimento de 15,6% em relação ao ano anterior, segundo a Associação dos Avicultores e Suinocultores do Estado. O número posiciona o Estado como o terceiro maior produtor nacional, com destaque para Santa Maria de Jetibá.

Em relação à carne de frango, o estado abateu 55,2 milhões de aves, totalizando 135,4 mil toneladas, superando as 128,8 mil toneladas de 2023, conforme relatório oficial da Secretaria de Estado da Agricultura (Seag).

Consumo de carne de frango e ovos continua seguro

Outro ponto importante abordado por Enio Bergoli diz respeito à segurança alimentar. “Desde 2006, é extremamente rara a transmissão da gripe aviária para humanos. E, nesses poucos casos, ela ocorreu em situações de contato direto com secreções ou fezes de aves infectadas. A carne de frango e os ovos provenientes de unidades inspecionadas não oferecem qualquer risco à saúde do consumidor”, assegurou.

Por fim, o secretário reforçou a confiança no sistema nacional de defesa sanitária. Segundo ele, o Brasil deve usar esse episódio para mostrar ao mundo a eficácia de seus protocolos, o profissionalismo dos seus técnicos e a solidez das suas cadeias produtivas.

“A grande lição é que valeu a pena, há décadas, termos adotado padrões de biossegurança rígidos nas granjas. Isso nos permite hoje agir com rapidez, proteger nossa produção e garantir alimentos seguros à população”.