Maio 2021
1
Luan Sperandio
DATA BUSINESS

porLuan Sperandio

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Estudos mostram que as escolas não são responsáveis pelo aumento na contaminação

Com o recrudescimento da crise sanitária, um dilema foi imposto às instituições de ensino dentro do debate público: manter o cronograma de atividades essenciais, havendo o risco de transmissão da doença, ou suspender o modelo tradicional, impondo o ensino remoto ou a ausência de aulas aos estudantes. Contudo, essas responsabilidades não devem recair sobre as escolas.

Estudo de Guilherme Lichand, professor de economia na Universidade de Zurique, em parceria com outros pesquisadores, analisou dados da reabertura das escolas em 131 cidades do estado de São Paulo, entre outubro e dezembro de 2020. Os resultados apontam que, seguindo os protocolos de segurança, não houve aumento no número de casos nesses municípios causados pela reabertura, nem mesmo nas escolas com menor qualidade de infraestrutura.

Além disso, esse movimento não foi responsável por aumentar a mobilidade nas cidades de forma significativa. Isso porque, mesmo antes da reabertura das escolas, outros cidadão estavam se deslocando nas cidades, muitas vezes sem seguir protocolos de segurança.

“Para retomar as atividades nas escolas, é preciso seguir os protocolos que já estão estruturados: uso de máscara, álcool em gel e distanciamento. Não é uma tarefa fácil, mas há possibilidade de ser realizada”, afirma o deputado federal, Felipe Rigoni. Ele ressalta que protocolos rígidos precisam ser seguidos, e que não deve ser adotado uma régua para o Brasil inteiro. “É preciso tratar o momento e regiões de acordo com a realidade delas. Ter uma boa coordenação é essencial”, afirma.

O parlamentar defende ainda que os profissionais da educação precisam ser priorizados na vacinação. Há projetos em discussão no Congresso. “Mas não podemos esperar que todos sejam imunizados para retomar as atividades. Manter as instituições de ensino fechadas é uma grande irresponsabilidade com o futuro do país”, acrescenta.

Por que reabrir as escolas deveria ser a prioridade?

A educação é fundamental para o desenvolvimento de bons profissionais no futuro e é nos primeiros anos de vida que os indivíduos mais desenvolvem sua capacidade de aprendizado. Por isso, não priorizar as escolas na retomada das atividades pode ter impactos no longo prazo em indicadores como produtividade, crescimento econômico e desigualdade social.

Cerca de 60% das famílias de crianças na escola pública não têm acesso à internet ou têm baixa qualidade na conexão e nas particulares, esse número é de 17%. A diferença no ambiente de aprendizagem dentro de casa chega a 20% entre famílias ricas e pobres. Ou seja, além de afetar na distribuição de renda, o ensino remoto deixa de atender diversos estudantes ao redor do país.

Dessa forma, é fundamental que as prioridades sejam redefinidas para que no futuro, a negligência à educação na pandemia não renda frutos ainda mais significantes sob o desempenho, formação e capital humano das futuras gerações.

Como era a educação no país antes da pandemia?

Antes mesmo dos desafios com a pandemia, a educação brasileira não era exemplo para o resto do mundo. Na prova do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o país ocupa o 59º lugar do ranking geral, em um total de 79 países. Para a avaliação em matemática, os alunos brasileiros estão entre os dez últimos no mundo. Em leitura, 50 outros países estão na frente e em ciências o país tem resultados semelhantes à Argentina e Peru, com 404 pontos.

Já no cenário nacional, o principal indicador educacional é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que usa dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o fluxo escolar dos alunos. No ano de 2019, os últimos resultados indicam que nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), as metas foram cumpridas, chegando a 5,9 pontos dos 5,7 de alvo. Já para os anos finais (6º ao 9º), o objetivo era obter 5,2 pontos, mas a performance foi de 4.9. Por fim, no ensino médio, a meta para o ano era 5 e o resultado alcançado foi de 4,2. Assim, no cenário de pandemia, o desafio educacional para o país se torna ainda maior.

Diante de números preocupantes para a educação, com a negligência do poder público no retorno às aulas, estamos sacrificando o futuro de uma geração ao manter as escolas fechadas por tanto tempo.

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As informações/opiniões aqui escritas são de cunho pessoal e não necessariamente refletem os posicionamentos do Folha Vitória

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