Economia

Delação da JBS complica ainda mais sucessão no Cade

Delação da JBS complica ainda mais sucessão no Cade Delação da JBS complica ainda mais sucessão no Cade Delação da JBS complica ainda mais sucessão no Cade Delação da JBS complica ainda mais sucessão no Cade

Brasília – A delação da JBS que citou o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) embaralhou ainda mais a sucessão no órgão. Há um ano sem presidente, o Cade – órgão vinculado ao Ministério da Justiça que busca manter sob controle a atuação concorrencial das empresas no País – pode ficar ainda mais tempo com cargos chave vagos.

A sabatina de Alexandre Barreto, indicado pelo presidente Michel Temer para comandar o conselho, foi remarcada desta para a próxima semana no Senado e deve ser mais difícil do que o esperado. Além disso, o superintendente-geral do Cade, Eduardo Frade, já revelou a interlocutores que não pretende permanecer no cargo.

Seu mandato termina em julho e ele poderia ser reconduzido por mais dois anos, mas Frade comunicou a pessoas próximas que não tem interesse na recondução. O superintendente-geral é responsável por comandar investigações do órgão, entre elas cerca de 30 casos envolvendo cartéis da Lava Jato.

Também está na alçada da superintendência o caso envolvendo a termoelétrica EPE, do grupo J&F, que entrou com ação no Cade questionando o preço estipulado pela Petrobras pelo fornecimento de gás. Executivos da JBS delataram ter pago propina ao deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), a mando de Temer, para obter decisão favorável à EPE.

A lista de desfalques na direção do Cade reúne mais um exemplo. Em abril, o procurador-geral do conselho, Victor Rufino, já havia renunciado ao cargo para trabalhar na advocacia privada. Ainda não foi indicado um substituto para a vaga.

Considerado por especialistas um órgão técnico e uma “ilha de excelência”, o Cade tirou o chapéu de investigador e vestiu o de investigado na operação Lava Jato, depois da delação da JBS. Em sua defesa, o conselho usou o argumento de que ainda não houve decisão no processo citado pelos delatores.

Nos autos, que são públicos, não consta decisão, nem mesmo de instauração do processo administrativo. A investigação está em fase preliminar. Também foram negados pedidos da JBS de medida preventiva. Ainda assim, há o temor entre integrantes do Cade de que a operação comprometa a imagem do conselho.

Entre advogados que acompanham o conselho, a previsão é que o órgão fique ainda mais rigoroso em suas análises enquanto está sob o holofote. O processo envolvendo a JBS, por exemplo, não deverá ser instaurado tão cedo. “A única defesa para o Cade é uma análise técnica que não possa ser questionada”, afirma uma fonte.

Uma das principais fusões analisadas pelo Cade neste ano – Estácio/Kroton, avaliada em R$ 28 bilhões – será julgada em 7 de junho e poderá pegar o plenário ainda incompleto. Faltam o presidente e um conselheiro – foi indicado por Temer Maurício Maia, que será sabatinado juntamente com Barreto. Nos bastidores, a informação é que a “tropa de choque” de Temer se move para garantir a aprovação dos dois nomes no Senado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.