O setor de pescado do Espírito Santo começa a abrir um novo caminho para reduzir os efeitos do tarifaço imposto pelos Estados Unidos. Produtores capixabas já iniciaram conversas com empresas britânicas para viabilizar exportações para o Reino Unido, mercado que, por estar fora da União Europeia, impõe menos barreiras sanitárias e pode se tornar uma alternativa estratégica.
Mas tem um perrengues pela frente. Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, a abertura desse canal exige ajustes técnicos nas embarcações, porém em escala menor do que as adaptações necessárias para atender às exigências do bloco europeu. “Estamos calculando investimentos entre R$ 50 mil e R$ 100 mil por barco para adequar equipamentos e procedimentos. Para o pescador, não é um valor baixo, mas é viável com crédito e apoio técnico para o setor de pescado”, disse.
As tratativas do setor de pesado ocorrem em duas frentes. No campo empresarial, produtores e empresas britânicas já trocam informações sobre demandas, preços e prazos. No campo institucional, o governo estadual atua junto ao Ministério da Agricultura e ao Itamaraty para abrir formalmente o mercado. “O setor produtivo de pescado daqui já conversa com o setor produtivo de lá. No entanto é importante ter a relação diplomática, que é o que determina, o que abre os caminhos”, afirmou o secretário. Ele ressaltou ainda que cabe ao governo federal negociar os termos com Londres.
Lições do pescado
Bergoli avalia que a busca por novos mercados é também uma lição estratégica para o setor de pescado.
A gente não pode depender 100% de um mercado. Às vezes, as crises vêm para a gente melhorar as coisas. O tarifaço nos Estados Unidos mostra que precisamos diversificar destinos e qualificar a produção.
Enio Bergoli, secretário de Estado da Agricultura
A expectativa é de que, com as adaptações concluídas e as autorizações concedidas, os embarques para o Reino Unido possam começar ainda dentro do calendário de safras da pesca capixaba. Ou seja, além de aliviar a pressão das tarifas americanas, a operação pode abrir portas do setor de pescado para outros mercados fora do eixo tradicional de exportações do setor.