Economia

Diretoria da Aneel homologa leilão emergencial de energia após derrubar liminar

Diretoria da Aneel homologa leilão emergencial de energia após derrubar liminar Diretoria da Aneel homologa leilão emergencial de energia após derrubar liminar Diretoria da Aneel homologa leilão emergencial de energia após derrubar liminar Diretoria da Aneel homologa leilão emergencial de energia após derrubar liminar

A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou por unanimidade, em reunião extraordinária neste sábado, 6, a homologação do leilão emergencial realizado em 25 de outubro para reforçar o abastecimento de energia elétrica nos próximos anos. O objetivo é ajudar a encher os reservatórios das hidrelétricas diante da maior crise hídrica dos últimos 91 anos.

A reunião retomou um processo interrompido por uma liminar concedida na sexta-feira, 5, por um juiz da Vara Federal Cível e Criminal da seção judiciária de Paulo Afonso, na Bahia, que viu risco para os consumidores no resultado do leilão, por aumentar o preço das tarifas de energia.

O juiz cita que, segundo a parte autora do processo, uma vez aprovado o resultado do certame, os consumidores terão que arcar com valor de aproximadamente R$ 40 bilhões nos próximos quatro anos, corrigidos anualmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Segundo o relator do processo de homologação do certame, diretor Efrain Cruz, o leilão vai trazer para o consumidor R$ 9 bilhões de receita fixa, que será diluída ao longo do período das concessões.

O leilão ocorreu sob Procedimento Competitivo Simplificado, previsto na Medida Provisória 1.055/2021, que perde validade amanhã (7). Foram contratados cerca de 800 megawatts de capacidade instalada na modalidade de energia de reserva, por meio de 14 usinas termelétricas a gás natural, duas usinas fotovoltaicas em Rondônia e uma térmica a biomassa em Mato Grosso.

A diretoria aprovou ainda a emissão de outorgas para as empresas vencedoras do leilão poderem implantar e operar os projetos, além do encaminhamento de uma petição do senador Weverton Rocha (PDT-MA) questionando o leilão, para o Ministério de Minas e Energia (MME), já que a explicação não compete à agência, segundo o relator. O senador critica o fato do leilão aumentar ainda mais a conta de luz do brasileiro.

Em vídeo, o presidente da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa, também contestou o leilão, ressaltando que os recursos empregados poderiam ser destinados a outras fontes de energia, como eólicas.

“Por 3 anos, esses 800 megawatts vão custar aos consumidores brasileiros mais de R$ 40 bilhões. Esses mesmos R$ 40 bilhões poderiam ser usados para construir 5 mil megawatts de eólica que iam entregar uma energia quase de graça por 30 anos”, alertou Pedrosa.

De acordo com o executivo, para 2022, várias projeções apontam que apenas esses custos vão superar os R$ 80 por megawatt/hora, sendo R$ 20 como acréscimo na energia de reserva.

“Se a gente somar esses R$ 80 por megawatt/hora, a previsão recorde de CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) de R$ 50 por megawatt/hora para 2022, nós temos a perspectiva de encargos superando R$ 130 e avançando para R$ 150 reais o megawatt/hora, muito mais do que o valor da contratação em leilões realizados para a energia real, eólica e solar”, explicou Pedrosa, chamando atenção para necessidade de modernização do setor elétrico, de modo a torná-lo mais eficiente e competitivo.