A economia capixaba registrou uma retração de 1,2% no primeiro trimestre de 2025, conforme revelam os dados do Índice de Atividade Econômica (IAE-Findes), divulgado nesta terça-feira (17) pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). A queda é um reflexo do cenário marcado por juros elevados, inflação persistente e uma redução na corrente de comércio.
Apesar do recuo trimestral, o acumulado em 12 meses até março ainda mostra um crescimento de 1,2%, impulsionado pela agropecuária e serviços. Nesse sentido, as projeções para o ano de 2025, embora cautelosas, indicam uma possível reversão desse quadro. Ou seja, há expectativa de que fatores como o desempenho do mercado de trabalho bem como investimentos estratégicos possam impulsionar a recuperação.
O IAE-Findes é uma informação estratégica que antecipa a tendência da atividade econômica e propicia o acompanhamento dos diferentes setores e atividades econômicas do Estado enquanto ainda não estão disponíveis as informações oficiais para o PIB capixaba disponibilizadas pelo IBGE com defasagem de dois anos. Eduardo Dalla Mura, 1º vice-presidente da Findes.
No primeiro trimestre de 2025, a indústria foi o setor que mais contribuiu para a retração, com queda de 6,8%, seguida pela agropecuária, que recuou 3,7%. “O setor extrativista, com sua retração significativa, foi o principal motor dessa queda industrial”, ressaltou Marília Silva, economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório Findes.
Findes divulga cenários
Apesar do desempenho modesto no início do ano, o Espírito Santo tem elementos que podem promover uma reviravolta. O setor de serviços, por exemplo, demonstrou resiliência, crescendo 0,9% no primeiro trimestre segundo o índice divulgado pela Findes.
“Os aumentos do transporte aéreo de passageiros e da atividade de turismo impactaram positivamente o setor de transportes, que compensaram a retração observada no transporte de cargas”, comenta Marília Silva. Outro ponto favorável é o mercado de trabalho aquecido, com a taxa de desocupação no estado em 4%, uma das menores da série histórica.
Ainda que a projeção para o fechamento de 2025 seja uma retração de 0,8% para a economia capixaba, essa estimativa é baseada no cenário atual e pode ser revisada.
O número considera o retrato atual da economia, mas ele pode variar no decorrer do ano. Por isso, fazemos a atualização trimestralmente. Marília Silva, economista-chefe da Findes.
A expectativa de retomada da produção da Samarco, o potencial de crescimento de produção do navio-plataforma Maria Quitéria e os investimentos bilionários em saneamento, como o leilão de R$ 7 bilhões da Cesan previsto para esta terça-feira (17), são fatores que podem impulsionar o crescimento.
“Acreditamos que o Espírito Santo tem um conjunto de iniciativas que podem, sim, levar a gente a um crescimento maior”, ponderou a economista-chefe da Findes. Ela salientou ainda que o Estado possui mais de R$ 100 bilhões em investimentos mapeados.
Ambiente de desafios
Os juros elevados no cenário nacional, com a Taxa Selic em 14,75% ao ano, representam um desafio significativo para o empresariado. “Os juros elevados encarecem o crédito, abalam a confiança dos empresários e restringem o poder de compra dos consumidores”, analisou Dalla Mura.
Porém, a resiliência de alguns setores e a expectativa de melhora no ambiente macroeconômico podem atenuar esses impactos. “Ter taxas mais acessíveis é essencial para as necessidades do dia a dia das empresas”, completa Dalla Mura.
A dinâmica do comércio exterior capixaba também reflete o cenário global. A corrente de comércio do Espírito Santo no primeiro trimestre atingiu US$ 5 bilhões, uma queda de 9,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
“Essa queda foi puxada, principalmente, pelas importações, que caíram 12,4%, devido a uma redução nas compras de veículos. Já as exportações contraíram 6,5%, pressionada pela redução nos preços internacionais das commodities”, explicou Marília Silva, enfatizando a sensibilidade do Estado ao contexto internacional.