Economia

Economia capixaba desacelera no primeiro trimestre, mas 2025 pode ter recuperação

Queda foi puxada principalmente pelo agro e pela indústria e, segundo índice da Findes, é um reflexo do cenário marcado por juros elevados, inflação persistente e uma redução na corrente de comércio

Leitura: 4 Minutos
Economia capixaba desacelera no primeiro trimestre, mas 2025 pode ter recuperação Economia capixaba desacelera no primeiro trimestre, mas 2025 pode ter recuperação Economia capixaba desacelera no primeiro trimestre, mas 2025 pode ter recuperação Economia capixaba desacelera no primeiro trimestre, mas 2025 pode ter recuperação
Anúncio do Índice de Atividade Econômica da Findes: apesar de queda, cenário deve ficar mais equilibrado até o fim de 2025. Crédito: Divulgação/Renan Donato
Anúncio do Índice de Atividade Econômica da Findes: apesar de queda, cenário deve ficar mais equilibrado até o fim de 2025. Crédito: Divulgação/Renan Donato

A economia capixaba registrou uma retração de 1,2% no primeiro trimestre de 2025, conforme revelam os dados do Índice de Atividade Econômica (IAE-Findes), divulgado nesta terça-feira (17) pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes). A queda é um reflexo do cenário marcado por juros elevados, inflação persistente e uma redução na corrente de comércio.

Apesar do recuo trimestral, o acumulado em 12 meses até março ainda mostra um crescimento de 1,2%, impulsionado pela agropecuária e serviços. Nesse sentido, as projeções para o ano de 2025, embora cautelosas, indicam uma possível reversão desse quadro. Ou seja, há expectativa de que fatores como o desempenho do mercado de trabalho bem como investimentos estratégicos possam impulsionar a recuperação.

O IAE-Findes é uma informação estratégica que antecipa a tendência da atividade econômica e propicia o acompanhamento dos diferentes setores e atividades econômicas do Estado enquanto ainda não estão disponíveis as informações oficiais para o PIB capixaba disponibilizadas pelo IBGE com defasagem de dois anos. Eduardo Dalla Mura, 1º vice-presidente da Findes.

 No primeiro trimestre de 2025, a indústria foi o setor que mais contribuiu para a retração, com queda de 6,8%, seguida pela agropecuária, que recuou 3,7%. “O setor extrativista, com sua retração significativa, foi o principal motor dessa queda industrial”, ressaltou Marília Silva, economista-chefe da Findes e gerente executiva do Observatório Findes.

Findes divulga cenários

Apesar do desempenho modesto no início do ano, o Espírito Santo tem elementos que podem promover uma reviravolta. O setor de serviços, por exemplo, demonstrou resiliência, crescendo 0,9% no primeiro trimestre segundo o índice divulgado pela Findes. 

“Os aumentos do transporte aéreo de passageiros e da atividade de turismo impactaram positivamente o setor de transportes, que compensaram a retração observada no transporte de cargas”, comenta Marília Silva. Outro ponto favorável é o mercado de trabalho aquecido, com a taxa de desocupação no estado em 4%, uma das menores da série histórica. 

Ainda que a projeção para o fechamento de 2025 seja uma retração de 0,8% para a economia capixaba, essa estimativa é baseada no cenário atual e pode ser revisada.

O número considera o retrato atual da economia, mas ele pode variar no decorrer do ano. Por isso, fazemos a atualização trimestralmente. Marília Silva, economista-chefe da Findes. 

A expectativa de retomada da produção da Samarco, o potencial de crescimento de produção do navio-plataforma Maria Quitéria e os investimentos bilionários em saneamento, como o leilão de R$ 7 bilhões da Cesan previsto para esta terça-feira (17), são fatores que podem impulsionar o crescimento. 

“Acreditamos que o Espírito Santo tem um conjunto de iniciativas que podem, sim, levar a gente a um crescimento maior”, ponderou a economista-chefe da Findes. Ela salientou ainda que o Estado possui mais de R$ 100 bilhões em investimentos mapeados.

Ambiente de desafios

Os juros elevados no cenário nacional, com a Taxa Selic em 14,75% ao ano, representam um desafio significativo para o empresariado. “Os juros elevados encarecem o crédito, abalam a confiança dos empresários e restringem o poder de compra dos consumidores”, analisou Dalla Mura.

Porém, a resiliência de alguns setores e a expectativa de melhora no ambiente macroeconômico podem atenuar esses impactos. “Ter taxas mais acessíveis é essencial para as necessidades do dia a dia das empresas”, completa Dalla Mura.

A dinâmica do comércio exterior capixaba também reflete o cenário global. A corrente de comércio do Espírito Santo no primeiro trimestre atingiu US$ 5 bilhões, uma queda de 9,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.

“Essa queda foi puxada, principalmente, pelas importações, que caíram 12,4%, devido a uma redução nas compras de veículos. Já as exportações contraíram 6,5%, pressionada pela redução nos preços internacionais das commodities”, explicou Marília Silva, enfatizando a sensibilidade do Estado ao contexto internacional.

Edu Kopernick

Editor de Economia

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve passagens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.

Edu Kopernick é jornalista formado na Faesa, especialista em Comunicação Organizacional pela Gama Filho, com experiência em reportagens especiais para veículos nacionais e séries sobre economia do Espírito Santo. Já teve passagens pelos principais veículos de TV, rádio e webjornalismo do Estado. É editor de Economia do Folha Vitória desde 2024, apresentador de TV e host do videocast ValorES.